Agência France-Presse
postado em 21/03/2013 09:20
Bruxelas - A crise no Chipre constitui "um risco sistêmico", afirmou nesta quinta-feira (21/3) o presidente dos ministros das Finanças da Eurozona (Eurogrupo), Jeroen Dijsselbloem, ao insistir na necessidade de "proteger a integridade da zona do euro". A situação na ilha "constitui um risco sistêmico, como demonstraram os últimos dias, e temos que trabalhar a favor de um programa que permita acabar com este risco", declarou Dijsselbloem no Parlamento Europeu.O presidente do Eurogrupo insistiu na necessidade de encontrar uma solução "mais equitativa", que afete em menor escala os pequenos correntistas. Os credores do Chipre (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) prometeram à ilha um resgate de 10 bilhões de euros, para evitar a falência do país e refinanciar sua dívida.
Em troca, querem que Nicósia contribua com sete bilhões de euros, dos quais 5,8 bilhões por meio de taxas sobre os depósitos bancários. O plano inicial incluía um imposto de 6,75% sobre os depósitos bancários de até 100.000 euros e de 9,9% para os depósitos acima deste valor. Depois da revolta da população, o plano foi alterado e apenas os depósitos a partir de 20.000 euros seriam taxados.
Mesmo assim, o pacote de medidas foi rejeitado pelo Parlamento cipriota. O conselho de ministros do Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter nesta quinta-feira a provisão de liquidez de emergência aos bancos cipriotas até segunda-feira (18).
[SAIBAMAIS]A partir da próxima semana, a liquidez de emergência (plano de Assistência de Liquidez de Emergência, ELA) "não poderá ser considerada, exceto no caso de um programa da UE/FMI que garanta a solvência dos bancos afetados", afirma um comunicado do BCE. A agência de classificação financeira Fitch advertiu que uma retirada sobre os depósitos bancários non Chipre constituiria um "precedente" que poderia propagar-se a outros países da zona do euro.
"Qualquer pacote de ajuda que inclua uma ;taxa de estabilidade; (sobre os depósitos bancários) equivalerá a um resgate por parte dos correntistas e aumentará inevitavelmente o risco de contágio na Eurozona", advertiu a Fitch. Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, ameaçou revisar a proporção de euros nas reservas russas se a solução para a crise cipriota prejudicar os interesses de Moscou.
A perspectiva de uma taxa excepcional imposta pela UE aos depósitos bancários no Chipre, incluindo muitos fundos russos, é uma "razão para refletir" sobre o euro, declarou o premier russo. "Se isto for feito com o Chipre, porque não seria possível na Espanha, Itália ou outros países que sofrem problemas financeiros? Lá acontecerão os confiscos de amanhã", disse.
"Direi tudo isto a meu velho amigo José Manuel Barroso", concluiu Medvedev, que se reunirá nesta quinta-feira com o presidente da Comissão Europeia. Medvedev também criticou o fato das contas de vários grupos públicos russos estarem bloqueadas no Chipre, no momento em que a ilha mediterrânea negocia uma ajuda financeira suplementar de Moscou.