postado em 03/04/2013 11:49
Paris - A ajuda aos países pobres sofreu em 2012 sua maior queda desde 1997, sob efeito da crise mundial e das medidas de austeridade em vigor nos países mais ricos, anunciou nesta quarta-feira (3/4) a OCDE, que prevê uma "recuperação modesta" este ano. De acordo com o balanço provisório para o ano passado divulgado pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico, a ajuda pública ao desenvolvimento (APD) diminuiu quase 4% em um ano, após ter sofrido uma queda de 2% em 2011 em relação ao nível recorde de 2010."Se excluirmos 2007, que corresponde ao fim das operações excepcionais de alívio da dívida, a queda observada em 2012 é a maior desde 1997", indicou o clube dos países ricos em um comunicado. "Esta é a primeira vez desde 1996-1997 que a ajuda se contrai por dois anos consecutivos", ressaltou a OCDE.
A APD global foi de 125,6 bilhões de dólares, ou 0,29% da riqueza nacional acumulada dos vários doadores, um número abaixo da taxa de 0,31% alcançada em 2011. A organização observa que "também houve uma transferência de ajuda dos países mais pobres para países de renda média".
[SAIBAMAIS]As maiores quedas foram registradas pelos doadores que foram mais atingidos pela crise, como a Grécia (-17,0%), Espanha (-49,7%) e Itália (- 34,7%). A APD da França, o quarto país em volume de ajuda, também diminuiu em 1,6%. Ela representa apenas 0,45% da riqueza nacional do país, contra 0,46% em 2011 e 0,50% em 2010, ainda longe da meta de 0,7% teoricamente fixada para 2015.
A ajuda do maior doador, os Estados Unidos, caiu 2,8%, e a do Reino Unido, o terceiro dador, teve uma redução de 2,2%. A assistência da Alemanha, a segunda em volume, retrocedeu 0,7%. Os países que atingiram ou ultrapassaram a meta de 0,7%, permanecem os mesmos: Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Holanda e Suécia.
Embora o total líquido da ajuda tenha reduzido, a ajuda bilateral destinada a projetos e programas de desenvolvimento (ou seja, excluindo a redução da dívida e ajuda humanitária) cresceu 2,0% ao preço e taxas de câmbio constantes, indicou a OCDE.
A ajuda bilateral à África Subsaariana foi de 26,2 bilhões de dólares, um declínio de 7,9% em relação a 2011. A ajuda ao continente africano caiu 9,9%, ficando em 28,9 bilhões de dólares em 2011, após um ano marcado pelo apoio excepcional concedido para alguns países da África do Norte, na esteira da "Primavera Árabe". O grupo dos países menos desenvolvidos (PMD) também viu a ajuda APD bilateral líquida sofrer um declínio de 12,8%, caindo para cerca de 26 bilhões de dólares.