postado em 10/04/2013 12:54
Buenos Aires ; O governo argentino anunciou nesta quarta-feira (10/4) o congelamento dos preços dos combustíveis por seis meses. Trata-se da terceira medida de controle da inflação anunciada este ano. No final de janeiro, o secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, fez um acordo com supermercados e redes de eletrodomésticos para manter os preços estáveis até março. Faltando dias para o fim do congelamento, o governo renovou o acordo por mais dois meses. A medida foi publicada hoje no Diário Oficial e determina que até outubro serão mantidos os preços de 9 de abril.Em entrevista à Agência Brasil, o ex-presidente da empresa de petróleo argentina YPF, Daniel Montamat, criticou a medida. ;O congelamento é uma medida de conjuntura para controlar a inflação em ano eleitoral, mas prejudica a YPF, controlada pelo estado;. Montamat, que também exerceu o cargo de secretário de Energia, lembrou que ;a YPF tem 58% do mercado de óleo diesel, 57% do mercado de gasolina Premium e 53% do mercado de gasolina super;.
[SAIBAMAIS]Ele conta que há um ano o governo expropriou 51% das ações da YPF, que pertenciam a Repsol, alegando que a empresa espanhola não estava investindo em produção. A escassez de combustível levou a Argentina a gastar US$ 9,5 bilhões, em 2012, na importação de energia - quase a totalidade do seu saldo na balança comercial. Este ano, os gastos estimados eram de US$ 13 bilhões, mas um incêndio no início deste mês na refinaria da YPF, em Ensenada, prejudicou a produção local. ;A Argentina descobriu recentemente novas e importantes reservas, mas precisa de investimentos locais e estrangeiros para explorá-las e medidas como esta não ajudam;, disse Montamat. ;As empresas aqui vão ter que vender combustível pelo mesmo preço até outubro, apesar de os custos de produção aumentarem ; devido à inflação ; e de termos que importar energia a preço de mercado;.
Em outubro, serão realizadas eleições legislativas na Argentina: a inflação e a insegurança estão no topo da lista das preocupações dos eleitores, segundo pesquisas de opinião. Oficialmente, a inflação na Argentina não passará de 11% este ano, mas segundo economistas independentes e sindicatos, o custo de vida aumentará entre 25% e 30% em 2013. Os aumentos salariais, no entanto, devem superar os 20%. Na Argentina, os aumentos são negociados entre empresários e sindicatos, mas precisam ser aprovados pelo Ministério do Trabalho.
Segundo Montamat, resolver a questão de escassez de energia na Argentina leva tempo e dinheiro. ;A YPF calcula que tem que investir US$ 7,5 bilhões ao ano, durante cinco anos. Mas precisa de parceiros e estes só virão se houver uma política energética estável;.