Rosana Hessel
postado em 14/04/2013 08:10
Com a credibilidade arranhada pela persistente subida dos preços, o Banco Central (BC)deve mostrar ao mercado financeiro e à opinião pública, na próxima quarta-feira, que ;não tolera inflação;, e vai elevar os juros básicos (Selic), atualmente em 7,25% ao ano. Em meio a um cenário mundial em que as principais economias do globo reduzem os custos financeiros para tentar estimular a economia, a autoridade monetária brasileira se vê obrigada a andar na direção contrária e apertar o cerco à carestia, mesmo com a atividade doméstica em ritmo lento. O estouro do teto da meta de inflação em março, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) bateu em 6,59%, e a disseminação dos aumentos pelos mais variados setores reativaram a memória inflacionária e, agora, as apostas são de que a alta da Selic pode chegar até a 1,5 ponto percentual até o fim do ano, o que levaria a taxa a 8,75%.
Nos bastidores, o governo admite que teme remarcações de preços ;sem propósito, impulsionadas por um receio exagerado;, apenas por conta da inflação passada. É para tentar quebrar esse ciclo que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai elevar os juros. Até há pouco tempo, o Palácio do Planalto resistia à medida, já que a terapia pode, como efeito colateral, acentuar a fraqueza da atividade econômica. Além disso, a presidente Dilma Rousseff sempre pretendeu chegar à eleição de 2014 ostentando o troféu de ter mantido a taxa básica no menor nível da história. Também pesava contra a decisão o medo do que ficou conhecido como a ;farra dos juros;, quando a taxa real no Brasil era a mais elevada do planeta e o mercado financeiro obtia lucros sem esforços.
Na visão de integrantes da equipe econômica, parte da pressão dos analistas por uma alta da Selic tem os ganhos financeiros como pano de fundo. Com a redução da taxa básica, a vida ficou mais difícil para investidores e alguns bancos que se estruturam apenas para operar com juros préfixados. Exemplo disso é que no primeiro trimestre nenhum investimento bateu a inflação. Apesar dessa visão, o governo entendeu que a alta de preços passou a incomodar demais, o que pode tirar votos de Dilma em 2014.