postado em 03/05/2013 06:08
Os investimentos públicos são fundamentais para garantir a retomada do crescimento e menores taxas de inflação. No entanto, na contabilidade do governo, quase tudo é classificado nessa rubrica, do pagamento de aluguéis e subsídios a itens como a aquisição de microfones sem fio e instrumentos musicais. Dados obtidos pelo Correio no Portal da Transparência revelam que gastos de consumo como esses, que, na prática, significam mais pressão inflacionária, são frequentemente maquiados e contabilizados como se fizessem parte das chamadas despesas de capital, que deveriam melhorar as condições da economia.Boa parte do que o governo classifica como investimento é, na realidade, dinheiro usado para manter o funcionamento da burocracia estatal. São compras de máquinas de fragmentar papel, ar-condicionado, persianas, cadeiras giratórias e outros móveis caros. Ainda assim, recebem o carimbo de investimentos. Um percentual desses gastos é usado também, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, para inflar os números do investimento público.
Analistas ponderam que, se a contabilização do gasto estivesse correta, o país teria de repensar a estratégia de desenvolvimento. ;Essa classificação é, no mínimo, exótica. Tudo bem comprar instrumento para banda de música, mas daí a considerar isso como investimento é outra história;, observou José Roberto Afonso, especialista em finanças públicas e um dos criadores da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).