Economia

Família que ganha até 5 salários mínimos enfrenta juros e impostos maiores

Esses brasileiros ainda acabam gastando mais com serviços e produtos financeiros, porque são classificados, pelos bancos, de acordo com a renda

postado em 10/05/2013 06:30

Ser pobre no Brasil vai além de ter pouco dinheiro. Significa também pagar mais impostos e juros e viver em um mundo à parte, onde a inflação tem maior peso no bolso do que para o restante da população. Em abril, o custo de vida da parcela de famílias que recebe até cinco salários mínimos registrou alta de 7,16%, no acumulado de 12 meses, ante 6,49% das demais ; o pior resultado em 10 anos para o período. Esses brasileiros ainda acabam gastando mais com serviços e produtos financeiros, porque são classificados, pelos bancos, de acordo com a renda, ou seja, quanto menos têm, mais desembolsam em tarifas e taxas de administração. E, nos investimentos, eles são os que recebem as menores rentabilidades.



A microempresária Rose Maria Sousa Leão, 46 anos, ganha, aproximadamente, R$ 3 mil por mês. Desse total, paga R$ 2 mil com os aluguéis da casa onde mora e do salão que montou no Varjão. A soma inclui as contas de água e luz e outros custos. Sobram R$ 1 mil para a alimentação dela e dos três filhos e para gastos com educação e algum lazer. De tudo o que entra mensalmente, cerca de R$ 960 ficam para o governo, em forma de impostos indiretos. ;Isso é um absurdo: quanto mais dinheiro a pessoa tem, menos ela paga;, queixou-se.

Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado em 2011, Maria tem razão. Enquanto 32% do ganho dos mais pobres se transformam em pagamento de tributos, a maioria deles indiretos, a parcela de brasileiros com renda maior desembolsa em média 21%. ;Essa disparidade entre pobres e ricos acontece no mundo todo, não só no Brasil. É do capitalismo;, observou Haroldo Mota, professor de economia da Fundação Dom Cabral. ;O salário dos pobres é pequeno. Para protegê-los ou para tornar a tributação mais justa, poderia haver uma desoneração de produtos essenciais. O problema é que alguém teria de pagar no lugar deles. Aí, começa toda uma disputa, e a elite tem mais capacidade de barganhar e de se proteger;, argumentou.

Esses brasileiros ainda acabam gastando mais com serviços e produtos financeiros, porque são classificados, pelos bancos, de acordo com a renda

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