postado em 19/05/2013 08:00
[SAIBAMAIS]Aos 82 anos, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva afirma que não perdeu o entusiasmo da juventude com o futuro do Brasil graças à ;enorme criatividade do brasileiro;. Mas também confessa que nunca esteve tão preocupado com a falta de ousadia para promover a inserção competitiva do país no concorrido mercado global, com raras exceções, como as aeronaves de porte médio. ;As contas externas não deixam mais dúvidas de que deixamos de ser a bola da vez, e o descaso com a inovação foi longe demais. Não podemos continuar pagando celulares com soja e milho;, afirma, nesta entrevista ao Correio.
O ex-ministro da Infraestrutura do governo Collor reclama das armadilhas contra a competitividade, que começam na própria ineficiência do Estado. Depois de ter liderado empresas-símbolo, como Petrobras e Varig, além da Embraer, da qual foi fundador e é ainda inspirador, Ozires assumiu novo papel, como um dos principais defensores do investimento na qualidade do ensino. ;Está evidente para o mundo todo que a educação virou a base da prosperidade;, resumiu o reitor da Unimonte (SP).
O senhor ainda acredita que a inovação pode levar o Brasil a ser uma economia desenvolvida?
Sou muito otimista com o Brasil e acredito firmemente em seu grande potencial. Mas não estou gostando nada do que estão fazendo com o país. Receio que o nosso sistema político não nos levará ao êxito merecido. Se antes não conseguíamos planejar a longo prazo em razão de turbulências econômicas, atualmente abdicamos de fazer qualquer planejamento. E o que mais precisamos é de um plano de nação, porque o futuro precisa ser planejado. Nesse sentido, a inovação deveria estar no centro da estratégia nacional, simplesmente pelo fato de que tecnologia se populariza no consumo.
Como a aposta na tecnologia pode garantir a um país ou a uma empresa novos mercados?
Sempre lembro que acabou, faz muito tempo, aquela velha ideia de que a crescente demanda mundial por alimentos, puxada pelo aumento da população, só poderia ser atendida se houvesse uma correspondente ampliação das áreas cultivadas. As soluções inovadoras fazem a ruptura necessária, como fez a nossa Embrapa, em 40 anos de história. Mas também gosto de ressaltar que a escola é a base de todas essas mudanças radicais, derrubando fórmulas que não servem mais.