Rosana Hessel
postado em 21/05/2013 10:01
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lança nesta terça-feira (21/5) um documento com metas e objetivos para que a indústria nacional melhore a competitividade até 2022, ano em que o país completará 200 anos de independência.O estudo, denominado ;Mapa estratégico da indústria 2013-2022; prevê que, nos próximos dez anos a participação dos produtos manufaturados brasileiros passe dos atuais 1,7% para 2,2% da produção mundial daqui a uma década. Foram ouvidos 500 representantes empresariais durante nove meses, com esse objetivo de identificar os fatores capazes de aumentar a produtividade da indústria e ampliar a importância do setor na economia do país.
;Essa é uma contribuição ao debate de ideias do Brasil;, explicou o diretor de políticas e estratégia da entidade, José Augusto Coelho Fernandes. De acordo com ele, se os investimentos em infraestrutura fossem realizados e os gargalos da logística do país contribuíram para o aumento da competitividade dos produtos nacionais, pois haveria uma economia em torno de 35% na produção com a melhora da eficiência no transporte.
[SAIBAMAIS]O mapa da CNI também estima que a produtividade média da indústria brasileira dobre no mesmo período, passando de uma média de 2,3% nos últimos 20 anos para 4,5% ao ano. Ao mesmo tempo, o levantamento destaca que o país precisa de fundamentos macroeconômicos sólidos, como inflação nos níveis internacionais, ou seja, de 2%, e de simplificação da estrutura tributária. O percentual de tributos cumulativos, por exemplo, deveria cair de 7,7% do total de impostos pagos pelas empresas para zero.
Além disso, os empresários estimam que a taxa de investimento do país suba de 18,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país ; uma das menores da América Latina ; para 24% em igual intervalo. A média mundial em 2012 foi de 23,6%. Entre 2003 e 2011, a taxa de investimento brasileira ficou em 17,9% de acordo com dados da CNI compilados junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi a menor entre todos os países do Brics ; grupo de emergentes do qual o Brasil faz parte ao lado de Rússia (21,2%), Índia (31,6%), China (42,4%) e África do Sul (18,4%). Para elevar esse indicador, o país esbarra na baixa taxa de poupança doméstica que é de apenas 5% do PIB.
De acordo com os entrevistados pela pesquisa, o Brasil ainda precisa ter marcos regulatórios mais claros e estáveis para elevar a confiança dos investidores. Para isso, o país precisaria subir da atual 130; colocação para a 80; do ranking geral do Doing Business, estudo do Banco Mundial feito com 185 países sobre os melhores lugares para se fazer negócio ; até 2022. Mesmo assim ainda estaria atrás de países como Colômbia (45; lugar), Peru (43;) e África do Sul (39;).
As metas e objetivos estão elencadas no mapa em dez fatores-chaves e que terão impacto direto na competitividade da indústria além de garantirem ganhos de produtividade. São eles: ambiente macroeconômico, eficiência do estado, segurança jurídica e burocracia, desenvolvimento de mercados, relações de trabalho, financiamento, infraestrutura, tributação, educação e inovação e competitividade.
Principais metas objetivos
A CNI ouviu 500 empresários e traçou um mapa com metas e objetivos para serem alcançadas até 2022, ano em que o Brasil completará 200 anos de independência.
Fator-chave - Ambiente macroeconômico
Objetivo: Consolidar a estabilidade econômica
Objetivo: Ampliar a taxa de investimento
Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em proporção do PIB
2012 - 18,1%
2017* - 21,0%
2022* - 24,0%
Inflação (IPCA)
2012 - 5,8%
2017* - 3,5%
2022* - 2,0%
Fator-chave: Eficiência do Estado
Objetivo: melhorar a eficiência do gasto público
Valor dos investimentos liquidados dividido pelo valor da dotação inicial do respectivo ano
2012 - 27,5%
2017* - 40,0%
2022* - 55,0%
Fator-chave: Segurança jurídica
Objetivo: aperfeiçoar o sistema de licenciamento ambiental
Tempo médio para obtenção de licenças ambientais para obras de infraestrutura
2012 - 96 meses
2017* - 60 meses
2022* - 36 meses
Objetivo: reduzir as exigências burocráticas
Posição do Brasil no ranking Doing Business de facilidade de fazer negócios
2013 - 130
2017* - 98
2022* - 80
Fator-chave:Tributação
Objetivo: eliminar a cumulatividade dos tributos
Proporção da arrecadação total gerada por impostos cobrados em cascata
2007 - 7,7%
2017* - 4,5%
2022* - 0,0%
Objetivo: Simplificar a estrutura tributária
Horas gastas para efetuar o processo de cálculo e pagamento de tributos
2012 - 2,6 mil
2017* - 1,3 mil
2022* - 300
Fator-chave: Infraestrutura
Objetivo: ampliar a oferta e a eficiência dos modais de transporte
Carga ferroviária considerando o complexo mineiro-siderúrgico
(Em milhões de toneladas úteis)
2012 - 459
2017* - 550
2022* - 650
Qualidade das rodovias
Percentual de respostas ;ótimo; e ;bom; na avaliação do estado geral das rodovias
2012 37,3%
2017* - 50,0%
2022* - 65,0%
Fator-chave: Relações de trabalho
Objetivo: ampliar a negociação coletiva entre trabalhadores e empregadores
Soma do número de acordos coletivos e aditivos firmados pelos estabelecimentos divida pelo total de estabelecimentos, considerando as indústria da transformação e da construção
2012 - 3,7%
2017* - 4,5%
2022* - 5,0%
Fator-chave: Desenvolvimento dos mercados
Objetivo: promover o desenvolvimento setorial
Participação da produção brasileira de manufaturados na produção mundial
2012 - 1,7%
2017* - 1,9%
2022* - 2,2%
Objetivo: aumentar a presença internacional das empresas brasileiras
Valor médio quinquenal do investimento brasileiro direto no exterior (saída líquida)
Em US$ bilhões
2012 3,6
2017* 10,0
2022* 15,0
Fator-chave: Financiamento
Objetivo: reduzir a taxa de juros para pessoas jurídicas
Taxa média anual das operações de crédito com recursos livres referenciais para taxa de juros de capital de giro.
2012 - 17,6
2017* - 13,0
2022* - 8,0
Objetivo: ampliar o financiamento para micro, pequenas e médias empresas
Valor total de desembolsos do BNDES para micro, pequenas e médias empresas, deflacionado pelo IPCA
(Em R$ bilhões)
2012 - 50,1
2017* - 65,0
2022* - 80,0
Fator-chave:Educação
Objetivo aumentar a qualidade da educação básica
Número de jovens com 19 anos com ensino médio completo
2012 - 51%
2017* - 80%
2022* - 95%
Objetivo: ampliar a oferta de engenheiros e tecnólogos industriais
Percentual de alunos concluintes dos cursos de engenharia, produção e construção em relação ao total de graduados formados
2012 - 7,3%
2017* - 10,0%
2022* - 15,0%
Fator-chave: Inovação e produtividade
Objetivo: aumentar a oferta de serviços tecnológicos para as empresas
Nota média ponderada sobre a qualidade das instituições de pesquisa científica (1= muito ruim, 7= o melhor internacionalmente na área)
2012 - 4,1
2017* - 4,3
2022* - 4,6
Objetivo: melhorar a qualidade de gestão empresarial
Nota média ponderada em relação à sofisticação dos negócios (nota varia de 1 a 7)
2012 4,5
2017* 4,8
2022* 5,0
*Metas
Fonte: CNI/Mapa estratégico 2013-2022