Economia

Venezuela diz que há acordo na Opep sobre quotas de produção de petróleo

O preço do barril, que se mantém em cerca de 100 dólares desde o final de 2012, mas que, em abril, caiu brevemente abaixo desta marca simbólica, é uma das principais preocupações da organização

Agência France-Presse
postado em 30/05/2013 20:01
Viena - O ministro do Petróleo de Venezuela, Rafael Ramírez, afirmou nesta quinta-feira que existe um acordo dentro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) para manter a quota de produção, antes da reunião do cartel, prevista para sexta-feira em Viena, com o objetivo de garantir um preço mínimo de 100 dólares o barril.

"Estamos todos de acordo em manter a quota de 30 milhões[de barris por dia], mas há países que têm superprodução", disse o ministro na capital austríaca.

O preço do barril, que se mantém em cerca de 100 dólares desde o final de 2012, mas que, em abril, caiu brevemente abaixo desta marca simbólica, é uma das principais preocupações da organização. "Basicamente pedimos a manutenção de um preço que tenha como piso os 100 dólares por barril. É um acordo implícito de todos os países, em benefício de todos e há consenso", afirmou Ramírez.

Venezuela e Equador são os únicos países latino-americanos que fazem parte deste cartel de 12 países, fundado em 1960.

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"Somos países produtores, que necessitamos da receita do petróleo para nosso desenvolvimento", acrescentou o ministro e pediu uma volta aos objetivos originais da organização, ou seja, "procurar e defender um preço justo para nossos recursos naturais".

"Tenho muitas dúvidas de que essa demanda, com a tremenda crise econômica que há na Europa, se mantenha, esse é o tema que precisamos monitorar", admitiu.

Na mesma sintonia, os ministros que chegaram nesta quinta-feira a Viena defenderam a ideia de manter a quota fixada em dezembro de 2011.

"Não queremos provocar uma comoção no mercado", disse o ministro iraquiano do petróleo, Abdul Karim Luaibi, enquanto o ministro angolano do Petróleo, José Botelho de Vasconcelos, afirmou que "o mercado vai muito bem, a produção e o preço são bons".

A Arábia Saudita, a maior produtora da Opep e o país mais influente dentro da organização, é a principal defensora das quotas para garantir um preço satisfatório acima dos 100 dólares.

Apenas o Irã expressou seu desacordo e, nas últimas semanas, seus responsáveis pediram uma redução das quotas para elevar os preços.

O venezuelano Ramírez lamentou as sanções dos países ocidentais às exportações de petróleo do Irã, membro da Opep, por seu controverso programa nuclear. "É incrível que isso se mantenha. A agência internacional sempre faz um pedido ao livre comércio, à transparência, contudo, impõe sanções", disse o ministro.

Negociações para um novo secretário geral

Outro tema da reunião bianual de sexta-feira será a complexa sucessão do secretário geral da OPEP, o líbio Abdullah el-Badri, no cargo desde 2007 pela falta de acordo para encontrar um sucessor.

"Os ministros vão discutir e aprovar uma série de critérios para o posto", disse o ministro iraquiano Luaibi. A nomeação não deve ser decidia, contudo, até a reunião de dezembro deste ano.

O cartel também discutirá o aumento da produção de petróleo de xisto norte-americano que, segundo a Agência Internacional de Energia, poderia alterar a médio prazo o equilíbrio mundial de preços e diminuir o mercado da Opep, em particular dos países mais dependentes das exportações para os Estados Unidos.

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Tanto o ministro do petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, quanto seu homólogo iraquiano minimizaram o aumento dessa produção.

"Não nos afetou de maneira nenhuma. Nós decidimos há tempos diversificar nosso mercado, menos mal que fizemos isso. Agora estamos vendendo para a China e temos um acordo para vender para a Índia", disse Ramírez.

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