Economia

Profissionais ajudam usuários a terem perfis de sucesso nas redes sociais

Web multiplica exposição e serve como combustível para rede de profissionais especializados em ajudar gente comum a sair bem em fotos e ganhar seguidore

postado em 01/06/2013 09:46
"Espelho, espelho meu%u2026 existe no Facebook ou no Instagram alguém mais bonito ou feliz que eu?". Há mais de um século, a madrasta de Branca de Neve revelava uma forte característica, cada dia mais presente nos dias atuais: a vaidade e preocupação com a imagem. Hoje em dia, no entanto, são cada vez mais numerosos os recursos para garantir um perfil mais interessante, com fotos produzidas especialmente para as redes sociais. Nada que bons cabeleireiros, manicures, maquiadores ou fotógrafos não resolvam. As novas tecnologias trouxeram novo caminho para responder a indagação do conto de fadas. Nas redes sociais, o volume de curtidas ou comentários confere popularidade ao perfil do usuário. Mas custa caro estar "bem na fita", com beleza em dia e prestígio no mundo virtual. O fotógrafo e design de imagem Rodrigo Câmara recebe de 10 a 15 demandas por mês de clientes que buscam melhorar a imagem em redes sociais. "Os objetivos são diversos. Muitas vezes a pessoa fica um pouco constrangida, pois não é nenhum modelo, mas quer se sentir bem. Tem gente que usa a rede para arrumar namorado ou para se destacar profissionalmente", diz. O ensaio fotográfico e a entrega de material digital pelo serviço custa cerca de R$ 1,5 mil. Se for feita a produção de moda e maquiagem, o valor vai para R$ 2 a R$ 2,2 mil. "As pessoas têm buscado informações das outras nas redes sociais. Até em processos seletivos é comum sondar o Facebook, por exemplo", afirma Câmara. Izabella Faria, maquiadora do Instituto Célio Faria, faz cerca de 35 maquiagens por semana. O preço vai de R$ 160 a R$ 185. "Se a pessoa se sente bem, paga sem reclamar", diz. As redes sociais, na sua avaliação, ajudam a aumentar a procura pelo serviço. "As pessoas estão mais vaidosas e querem se sentir melhor com corpo e roupa. Antes, só se maquiavam para casamento ou formatura. Hoje, se maquiam para almoços, churrascos e reuniões de amigos", observa Izabella. A atleta e personal trainer Márcia Gonçalves usa a a imagem no Facebook para divulgar seu trabalho. Diariamente, ela coloca fotos na rede social. "Os alunos costumam se espelhar no professor e olhar se ele se cuida, tem um corpo bacana e se veste bem. A rede social é uma ferramenta forte para divulgar o trabalho, pois eles querem ver o resultado. Eu sou meu próprio cartão de visita", diz Márcia. Ela tem dois perfis no Facebook: um está lotado, com 22 mil amigos, e outro tem 4 mil. Ela ainda montou recentemente sua fan page, que já conta com 6,5 mil seguidores. Competitividade A popularidade da suas fotos é medida pelo número de "curtidas" e comentários. "Quando eu coloco uma foto e muitos atletas e gente do meio curtem, é sinal de que ficou boa. As pessoas dessa área são muito competitivas", diz. O gasto de Márcia com a imagem é alto. "Procuro estar com a pele e sorriso bem tratados, bem vestida", diz. Márcia costuma participar do concurso Miss Biquíni Fitness, que é como se fosse um concurso de beleza, mas avalia o corpo sarado. Só com biquínis personalizados, com cristais Swarovski, por exemplo, ela desembolsa cerca de R$ 800 a R$ 1 mil. Todo mês compra uma calça e top diferentes, e a cada três meses, um tênis novo. "Gosto de estar bem aparentada. E essa moda de Facebook e Instagram veio para ficar. Alguns alunos postam foto antes e depois de fazerem a academia", diz. O fotógrafo Rodrigo Câmara afirma que ninguém consegue passar longe do espelho quando o assunto é fotografia. "Já fotografei políticos, modelos e presidiários. É comum que todos se olhem no espelho antes de fazer a imagem", afirma. A sua avaliação é que ninguém é tão bonito quanto no Facebook ou tão feio quanto na carteira de identidade. "Mas nosso objetivo é extrair o melhor que cada pessoa tem", diz. Gastos chegam a R$ 34 bi Os gastos com beleza movimentaram a bolada de R$ 34 bilhões em 2012 no país, alta de 15,6% em relação ao ano anterior, quando faturou R$ 29,4 bilhões, segundo dados da Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). A entidade atribui o crescimento a alguns fatores, como acesso das classes D e E as produtos do setor, devido ao aumento de renda; os novos integrantes da classe C, que passaram a consumir produtos com maior valor agregado; participação maior da mulher no mercado de trabalho e aumento da expectativa de vida, o que traz a necessidade de conservar uma impressão de juventude. A bacharel em direito e estudante de design de moda estudante Laura Castro Alves, de 24 anos, gasta mais de R$ 500 por mês com salão de beleza. Ela faz as unhas, maquiagem, sobrancelha, limpeza de pele, tintura e corte. "Adoro ir ao salão, me sinto bem. A imagem, hoje, é muito valorizada, até mesmo na área do direito", diz. O resultado do embelezamento de Laura sempre vai parar no Facebook ou no Instagram. "Se eu coloco brilho nas unhas, logo faço a postagem", diz. A estudante de direito Manuela Mascarenhas de Figueiredo Burni, de 20 anos, também é adepta do Facebook e Instagram. Logo que termina de fazer as unhas %u2013 geralmente nas cores vermelha ou preta %u2013, o resultado vai parar na internet. "Posto, basicamente, tudo que eu faço, como as festas que frequento, idas ao cinema e coisas assim. Com certeza as pessoas querem aparecer bem, pois todo mundo acompanha as redes sociais, até mesmo quem está em outros lugares", afirma. A proprietária do salão de beleza Maison Belvedere, Clarisse Rosas, afirma que a clientela costuma postar as fotos enquanto se arruma. "No próprio salão, elas começam a fazer o social e mandar as fotos para as amigas, que estão em outro estabelecimento. Postam a cor do esmalte que estão usando e o resultado, quando estão prontas", diz. (GC)

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