Jornal Correio Braziliense

Economia

Aeroporto de Confins ficará em obras pelos próximos trinta anos

Empresa que ganhar a concessão do aeroporto terá de gastar os R$ 3,5 bi previstos no edital em diversas obras. Passageiros, que vão aumentar 293%, terão que conviver com elas



O cumprimento de todas as exigências possibilitará à empresa atingir o nível de serviço exigido pelo governo federal. A ordem é que os cinco aeroportos concessionados sejam classificados como C, segundo os parâmetros internacionais da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). À primeira vista, a nota pode parecer baixa, mas o diretor-geral da EBP, Hélcio Tokeshi, afirma que por se tratar de um padrão médio ele é muito bom. ;C é muito melhor que hoje. A ou B é nota do aeroporto da Malásia, o de Dubai;, explica o economista, ressaltando que subir a nota significaria um terminal ocioso na maior parte do tempo, o que implica em aumento de custo. Mas avisa: média quer dizer que vai escorregar para F em certo horários. ;Toda infraestrutura tem hora-pico. É péssimo não aceitar que em uma hora a qualidade do serviço não vai cair;, afirmou Tokeshi em evento para apresentação dos estudos para jornalistas.

As intervenções para melhorar o nível de serviço integram a primeira das quatro fases de investimentos em que a concessão foi dividida, sendo executadas entre 2014 e 2018. A concessionária, no entanto, terá que fazer uma série de melhorias nos quatro primeiros meses de contrato. As ações foram divididas entre curtíssimo e curto prazo. Doze ações integram a primeira lista, entre as quais melhoria na sinalização (com informações em inglês e português), aumento no fluxo de veículos e de passageiros nos balcões de check-in, inspeção de segurança, emigração e imigração.

Outras 15 medidas têm que ser adotadas antes de completar 120 dias de contrato, ou seja, antes de a bola rolar para a Copa;2014. Fazem parte da lista a reforma de 75% dos banheiros e fraldários da área de embarque; disponibilização de internet sem fio de alta velocidade; aumento do número de tomadas; balcão de informações bilíngue e criação de novos pontos de comércio de bebidas e comidas.

[SAIBAMAIS]Variedade O último ponto é uma das principais mudanças a serem implementadas pela concessionária. A distância do aeroporto de Confins em relação a centros comerciais é a oportunidade perfeita para a exploração de atividades comerciais variadas, que vão desde lanchonetes e bancas de revistas até lojas de roupa, farmácias e tantas outras. Os usuários do terminal sofrem com a gama restrita de lojas. O estudo de viabilidade econômica prevê aumento nesse tipo de receita de 365,61% até 2043, aproximando o faturamento a meio bilhão de reais (em valores atuais).

A proposta é que o número de empreendimentos aumente de forma considerável para que os usuários do terminal não precisem sair de lá para ter acesso a serviços básicos. Isso também aumenta as chances de uma das três grandes companhias aéreas escolher Confins como hub (termo usado para denominar um ponto de conexão) doméstico.

Atualmente, a receita média por passageiro de Confins é de US$ 3,40, enquanto a média internacional é de
US$ 8,17, segundo estudo da consultoria Leigh Fisher. ;Há um potencial de crescimento da receita não tarifária por passageiro, mas ela ainda ficará abaixo da média dos aeroportos da amostra, devido à baixa participação de passageiros internacionais;, diz trecho do estudo incluído na minuta do edital.