postado em 21/06/2013 10:31
Rio de Janeiro - O número de empresas industriais com mais de uma pessoa ocupada cresceu 4% no Brasil de 2010 para 2011, passando de 299.862 para 312 mil. Do mesmo modo, o número de pessoas ocupadas mostrou expansão de 3%, subindo de 8,4 milhões de pessoas pra 8,6 milhões, com média de 28 pessoas empregadas por empresa. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Anual ; Empresa (PIA-Empresa), divulgada nesta sexta-feira (21/6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).De acordo com a economista Maristella Rodriguez, da Coordenação de Indústria do IBGE, a indústria brasileira mostrou estabilidade em 2011, em comparação ao ano anterior. ;Ela teve um crescimento muito modesto que, na verdade, [decorre] do cenário internacional;. Lembrou que a economia mundial foi afetada pela crise financeira de 2008, pela debilidade da economia norte-americana e, mais recentemente, pela crise do euro.
A volta da trajetória de crescimento modesto da indústria brasileira está apoiada na contribuição da indústria extrativa, intensiva em recursos naturais. O que ocorre, disse Maristella à Agência Brasil, é que apesar do pequeno peso da indústria extrativa na estrutura industrial, há um efeito multiplicador importante. ;Os bens que nela são extraídos fornecem insumos, tanto para a indústria de transformação como para a indústria da construção civil;.
Maristella ressaltou que o valor adicionado da indústria brasileira, diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário, atingiu R$ 679,3 bilhões, em 2011. As atividades com maior participação no total da indústria foram fabricação de produtos alimentícios (12,6%), extração de minerais metálicos (9,9%), fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (9,8%), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (9,5%) e fabricação de produtos químicos (6,7%).
Juntos, esses cinco segmentos industriais representam 48,5% do valor adicionado da indústria total. O valor bruto da produção e o consumo intermediário somaram, respectivamente, R$ 2,1 trilhões e R$ 1,4 trilhão. Já o valor da transformação industrial, que corresponde à diferença entre o valor bruto da produção industrial e o custo das operações industriais, alcançou R$ 936,8 bilhões.
[SAIBAMAIS]O IBGE observou que os dois primeiros setores (produtos alimentícios e minerais metálicos) têm grande peso dentro da indústria. O ganho de participação do ramo de fabricação de produtos alimentícios em 2011, por exemplo, foi 12,2% em relação ao ano anterior.
As empresas do setor industrial mostraram receita líquida de vendas de cerca de R$ 2,2 trilhões, em 2011, com média de R$ 7 milhões por empresa. Os gastos com pessoal somaram R$ 319,2 bilhões e mostraram participação de 14,5% na estrutura dos custos e despesas da indústria, cujo total alcançou também R$ 2,2 trilhões.
Maristella Rodriguez disse que as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas, com maior escala de produção, continuam com maior participação no total da indústria brasileira. ;Em 2011, essas empresas auferiram receita líquida de vendas correspondente a 68,2% do total, percentual superior ao de 2010 (67,4%). As grandes empresas dominam o mercado, nesse sentido;, disse.
Em termos de dinâmica da indústria, Maristella disse que um dos setores que têm peso grande dentro da estrutura industrial e que ganhou participação, em termos percentuais, de 2007 para 2011, foi a indústria de alimentos. A atividade foi influenciada pela continuidade da oferta de crédito na economia e pela expansão do consumo, associadas a mudanças na renda do consumidor. Outro setor relevante foi a extração de minerais metálicos, influenciada pelo aumento da produção de ferro e que ganhou impulso devido à demanda externa e aos preços favoráveis de exportação.
;O que acontece é que [há], nesse período, um aumento da exportação das ;commodities; (produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior) e uma continuidade do crescimento da renda, do emprego, das condições de crédito na economia. [Há] medidas temporárias de desoneração, isenção fiscal em alguns setores, com a queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por exemplo;.
A pesquisa revela que, no ano de 2011, o total de investimentos registrados nas empresas industriais atingiu R$ 162,9 bilhões. As empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas investiram no seu ativo imobilizado 96,8% do total aplicado. ;Isso é bem representativo;, disse. O destaque coube aos investimentos efetuados em máquinas e equipamentos industriais, cuja participação foi 46,3%, contra 45,4% no ano anterior.
A indústria brasileira cresceu 16,1% no período compreendido entre 2007 e 2011, enquanto a economia evoluiu 22,9%. Já a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços fabricados no país, mostrou leve recuo, passando de 27,8% em 2007, para 27,5%, em 2011. Em 2010, a participação foi mais significativa (28,1%). Em relação ao índice de produção física da Coordenação de Indústria do IBGE, a taxa de crescimento da indústria no período pesquisado foi 5,9%.