Economia

Tesouro não consegue comprar maior parte dos títulos públicos leiloados

De acordo com técnicos do órgão, os leilões extraordinários têm sido feitos porque, em momentos de turbulência financeira, as taxas dos títulos tendem a se descolar dos fundamentos da economia brasileira

postado em 21/06/2013 15:30
O Tesouro Nacional só conseguiu comprar R$ 25,04 milhões dos títulos públicos leiloados nesta sexta-feira (21/6). Esta semana, o órgão vem promovendo uma série de leilões extraordinários de títulos públicos para diminuir a instabilidade no mercado financeiro. O Tesouro tentou recomprar 4 milhões de títulos públicos prefixados (com juros definidos antecipadamente) e 2 milhões de títulos corrigidos pela inflação. O órgão, no entanto, conseguiu comprar apenas 10,5 mil de NTN-B (Nota do Tesouro Nacional, série B), papel vinculado à inflação.

Os leilões extraordinários de recompra têm como objetivo fornecer uma referência de preço para os investidores que querem se desfazer dos papéis porque acham que estão perdendo dinheiro com a elevação dos juros no mercado financeiro. O fato de o Tesouro comprar um volume tão baixo pode tanto indicar que os investidores preferiram ficar com os títulos como que o Tesouro não aceitou o preço pedido pelos donos dos papéis. A recompra de NTN-B, título corrigido por índices de preços, de LTN (Letra do Tesouro Nacional) e de NTN-F (Nota do Tesouro Nacional, série F), que são papéis prefixados, havia sido anunciada nesta quinta-feira (20/6).



De acordo com técnicos do órgão, os leilões extraordinários têm sido feitos porque, em momentos de turbulência financeira, as taxas dos títulos tendem a se descolar dos fundamentos da economia brasileira. Segundo o Tesouro, a instabilidade faz o aplicador ter a sensação de que está perdendo dinheiro ao manter o título. No entanto, na hora de se desfazer do papel, o investidor não encontra compradores que ofereçam preço justo. Nessas horas, então, é necessário o Tesouro recomprar os títulos para fornecer um referencial de preços e taxas de juros.

No caso dos títulos prefixados, a tensão é maior porque os juros pagos aos investidores (taxa de retorno) são definidos com antecedência e não variam conforme as oscilações do mercado e da economia. Quem compra agora um papel desse tipo sabe exatamente quanto receberá daqui a vários anos. No momento em que os juros dos títulos aumentam por causa da turbulência financeira, os investidores com esses papéis temem ter ainda mais prejuízo porque a taxa de retorno não pode mudar.

O dinheiro para recompra dos títulos virá, na maior parte, do colchão da dívida pública, recursos que o Tesouro tem guardado para usar em momentos de crise. Este instrumento foi usado em 2005, 2006 e 2008, quando estourou a crise financeira internacional.

Por meio dos títulos da dívida pública, o Tesouro Nacional vende papéis para arrecadar dinheiro dos investidores e honrar os compromissos de curto prazo. Em troca, o governo compromete-se a devolver a quantia com algum acréscimo. A correção pode ser prefixada (com juros determinados no momento da emissão) ou seguir a inflação, a taxa Selic (juros básicos da economia) ou o dólar.

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