Economia

Irlanda volta oficialmente à recessão pela primeira vez desde 2009

O organismo revisou, paralelamente, para baixo suas estimativas do terceiro e do quarto trimestre, a -1% e -0,2%, respectivamente, o que faz com que o Produto Interno Bruto (PIB) irlandês acumule três trimestres consecutivos de contração

Agência France-Presse
postado em 27/06/2013 19:13
DUBLIN - A Irlanda, apresentada como um modelo entre os países resgatados da zona do euro, voltou oficialmente à recessão pela primeira vez desde 2009, segundo dados revisados publicados nesta quinta-feira. A economia irlandesa se contraiu 0,6% no primeiro trimestre de 2013 comparado com o período anterior, informou o Escritório Central de Estatísticas (SCO).

O organismo revisou, paralelamente, para baixo suas estimativas do terceiro e do quarto trimestre, a -1% e -0,2%, respectivamente, o que faz com que o Produto Interno Bruto (PIB) irlandês acumule três trimestres consecutivos de contração. Isso significa que o país está tecnicamente em recessão, definida como dois trimestres consecutivos de queda, desde o dia 1; de julho de 2012.

Esta é a segunda recessão que a Irlanda sofre, desde os oito trimestres de contração desde o começo de 2008 até o final de 2009. Para o conjunto de 2012, o crescimento também foi drasticamente revisado para baixo até 0,2%, comparado com uma estimativa prévia de 0,9%.

No primeiro trimestre deste ano, a Irlanda sofreu, sobretudo, a maior queda em quatro anos do consumo das famílias (-3%) e uma redução de 1,021 bilhão de euros das exportações, muito importantes para a economia do país, mas dependentes do restante da zona do euro.



A Irlanda, que foi durante muito tempo a líder do crescimento na zona do euro, se transformou no primeiro país do bloco a entrar em recessão no começo de 2008, depois que a crise do crédito provocou a bolha imobiliária.

Afetada pelo setor bancário e ameaçada de falência, a república irlandesa foi forçada a pedir ajuda a seus sócios europeus e obteve no final de 2010 um plano de ajuda de 85 bilhões de euros da União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de um drástico programa de austeridade e reformas.

A Irlanda espera se transformar, no final do ano, no primeiro país europeu a abandonar este plano de ajuda e voltar aos mercados para se financiar.

O ex "Tigre Celta" era apresentado, até agora, como um modelo entre os países resgatados porque, ao contrário de Portugal e da Grécia, conseguiu voltar a crescer durante um tempo.

O FMI expressou, contudo, dúvidas sobre a recuperação do país ao desbloquear uma nova parcela de seu programa de ajuda. "A recuperação econômica não está bem assentada e os riscos relativos à sustentabilidade da dívida permanecem", disse então o número dois do Fundo, David Lipton.

O organismo multilateral disse esperar este ano um máximo da dívida pública irlandesa, "em torno de" 123% de seu PIB, em um contexto de frágil crescimento. Além disso, o desemprego afeta 13,7% da população ativa deste país de 4,6 milhões de habitantes, contra 4,9% antes da crise.

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