Rosana Hessel
postado em 27/06/2013 22:58
O novo presidente do Santander no Brasil, Jesús Zabalza, tem uma missão clara dentro do banco espanhol no país: crescer e lucrar. Para isso, uma das metas é ampliar a participação no mercado doméstico dos atuais 8% a 9% para 10% até 2016. O executivo acaba de assumir o comando da mais rentável operação da instituição no mundo e que representa 26% dos lucros do banco. Esse percentual é mais que o dobro da matriz (10%) e de mercados consolidados, como os Estados Unidos e países desenvolvidos, como Estados Unidos (12%) e Reino Unido (12%). No entanto, em matéria de crescimento em relação aos demais vizinhos, o país deverá ficar na lanterna da região.
Com 15 anos de experiência no, Zabalza assumiu tomou posse em 12 de junho. Um dos desafios do executivo será melhorar a rentabilidade da instituição levou um tombo no primeiro trimestre do ano, depois de registrar um dos melhores resultados em 2012. O lucro caiu quase 30% entre janeiro e março enquanto a economia brasileira avançou apenas 0,6% no mesmo período.
Nesse sentido, a estratégia do executivo para o crescimento tem um dos principais focos o setor de pequenas e médias empresas (PMEs), responsáveis por 40% da remuneração da força de trabalho brasileira, o equivalente a um mercado de US$ 282 bilhões, mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Chile, que é de US$ 248 bilhões. Enquanto o banco espera destinar uma carteira de US$ 30 bilhões para a América Latina nos próximos três anos, sendo US$ 10 bilhões para o Brasil e US$ 20 bilhões para os demais países até 2016.
;Queremos crescer 50% acima da média do mercado brasileiro voltado para as pequenas e médias empresas nos próximos anos;, afirmou o engenheiro espanhol. Ele estimou que o banco avance, pelo menos, 15% ao ano no próximo triênio, considerando uma média do mercado doméstico de 10%. Enquanto isso, a região tem uma expansão anual bem maior: 20% e o México, 30%.
Zabalza revelou que uma de suas metas é fazer com que o número de clientes pequenas e médias empresas passe dos atuais 670 mil para um milhão, até 2016. Zabalza também prevê que o valor dessa carteira saltará de R$ 34 bilhões para R$ 54 bilhões no mesmo período, mas ele não detalhou os investimentos do banco no país. Uma das ações nesse sentido é o atendimento unificado e a captura das transações com cartão por meio de uma parceria com a GetNet. ;O Brasil é, em sua essência, um país de empreendedores. O país, assim como nas grandes economias, as pequenas e médias empresas são, sem dúvida alguma, o elo principal da atividade econômica, seja atuando na oferta ou na demanda de bens e serviços;, disse ele, ontem, durante o XII Encontro Santander ; América Latina, na Universidade Internacional Menéndez Pelayo, em Santander, na costa norte da Espanha. Ele destacou que as PMEs responderam por 40% dos 15 milhões de empregos formais criados no país na última década. A remuneração desses trabalhadores cresceu mais de 2% ao ano enquanto a média avançou 0,6% no mesmo período. Além de conquistar empresas de pequeno e médio porte, competindo com os líderes do mercado tanto públicos e privados, Zabaiza precisará recuperar a imagem do banco para os clientes do Real ; adquirido no fim de 2007 e cuja integração só terminou no início de 2013, um ano e meio após o previsto. Novos produtos para os clientes Van Gogh e Select também estão na lista das inovações que Zabalza pretende anunciar em julho, quando apresentará o plano estratégico de sua gestão.
Inflação e crise
O presidente do Santander demonstrou otimismo acima da média em relação à economia brasileira, até maior que a equipe de pesquisa do banco que prevê desaceleração da economia de 2,5% este ano, para 2,1%, em 2014, para 1,5%, em 2015. Em relação à inflação, que vem mês a mês ficando acima da média de tolerância estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5% ao ano, ele procurou não demonstrar preocupação. O aumento do custo de vida, o que pode comprometer a capacidade de os brasileiros pagarem as contas em um momento em que os juros voltam a subir. ;Estive com o presidente do Banco Central (Alexandre Tombini) ele deixou claro que fará tudo o que for necessário para não permitir que a inflação volte a sair do controle;, afirmou Zabalza.
Na avaliação do engenheiro espanhol, a recente instabilidade provocada nos mercados em função da sinalização de mudança da política monetária do Federal Reserve (Fed) o Banco Central dos Estados Unidos, que vem provocando uma fuga de dólares do Brasil e de mercados emergentes, é passageira. Para ele, em uma estabilização a curto prazo da moeda estrangeira, na casa dos R$ 2,2.