postado em 06/07/2013 08:06
A presidente Dilma Rousseff já deu início ao processo de mudança de seu ministério. Oficialmente, o Palácio do Planalto diz que tudo não passa de especulação, mas três ministros e seis parlamentares da base aliada ouvidos pelo Correio nos últimos dias confirmaram que peças importantes serão substituídas em um prazo curto, mesmo na equipe econômica, considerada intocável. ;Ou Dilma faz mudanças agora, ou perderá a batalha para a desconfiança que minou a economia. O descrédito na política econômica é total entre os consumidores e o empresariado. Por isso, as vendas do varejo estão caindo e os investimentos produtivos, travados;, disse um dos três ministros.Apesar do apoio que tem dado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, Dilma sabe que não há mais como mantê-lo no posto apenas por teimosia, para não ceder ao que ela chama de capital especulativo. O grande problema é que a presidente ainda não encontrou um nome capaz de dar um choque de confiança no país.
Fala-se muito no presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Mas ele está sob intenso tiroteio, por ter comandado os empréstimos de R$ 10,4 bilhões ao empresário Eike Batista, que podem resultar em um rombo nos cofres públicos. Coutinho, por sinal, preferiu se retirar de cena, para não ter de explicar como pôde levar o BNDES a uma exposição tão grande.
O choque de confiança que Dilma pretende dar é traduzido por dois ministros como eficiência. Eles reconhecem que a Esplanada está emperrada. No Planejamento, sobram gritos e mau humor, e falta ação. Na Fazenda, há um hiperativismo que, em vez de motivar a economia, só a empurra ladeira abaixo. Tanto que os especialistas falam em recessão.
Ironia
Mantega trata com ironia os que criticam sua gestão. Ontem, ao ser indagado sobre mudanças em sua pasta, afirmou: ;Não confirmo nenhuma saída da equipe econômica;. A resposta do ministro incluiu o secretário do Tesouro, Arno Augustin, que começou uma cruzada em busca de apoio para permanecer no cargo. É ele um dos maiores responsáveis pelo desgaste do governo, ao recorrer a truques contábeis para esconder a gastança que pressiona a inflação.
;O Guido opera nas franjas da economia, não faz medidas de impacto;, disse um parlamentar do PT, o partido da presidente Dilma. ;Nem nós, que somos da bancada, acreditamos mais no que ele fala, imagine o mercado;, ponderou um senador com trânsito no Planalto. Para um outro petista, a mudança na equipe econômica é questão de sobrevivência. ;Se a presidente não adotar medidas de impacto, vai sangrar até o fim do governo.; Dilma descartou a volta de Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, ao governo, mas não esconde que gostaria de adotar o estilo dele, de eficiência, na gestão da máquina.