postado em 06/07/2013 15:04
Após os rumores ganharem força de que o Planalto poderia fazer uma reforma ministerial - principalmente em peças importantes da equipe econômica -, a presidente Dilma Rousseff divulgou uma nota no início da tarde desmentindo qualquer mudança na Esplanada.Pela manhã, a presidente se reuniu no Palácio do Planalto com o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, do desenvolvimento, José Pimentel, da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o ex ministro do governo Lula, Franklin Martins. Em nota, Dilma disse que espera empenho dos chefes das pastas na realização dos cinco pactos firmados com os governadores e prefeitos de capital: responsabilidade fiscal para garantir a estabilidade da economia e o controle da inflação; reforma política com plebiscito; melhoria profunda nos serviços públicos de saúde; pacto nacional da mobilidade urbana que permita um salto de qualidade no transporte público; e destinação dos royalties do petróleo para educação.
"Dos meus ministros quero determinação para manter o Brasil no caminho do crescimento, da inclusão social, da geração de emprego e renda e da estabilidade econômica. Continuaremos a governar o Brasil para todos, especialmente para os menos protegidos", disse.
Bastidores
Oficialmente, o Palácio do Planalto diz que tudo não passa de especulação, mas três ministros e seis parlamentares da base aliada ouvidos pelo Correio nos últimos dias confirmaram que peças importantes serão substituídas em um prazo curto, mesmo na equipe econômica, considerada intocável. ;Ou Dilma faz mudanças agora, ou perderá a batalha para a desconfiança que minou a economia. O descrédito na política econômica é total entre os consumidores e o empresariado. Por isso, as vendas do varejo estão caindo e os investimentos produtivos, travados;, disse um dos três ministros.
Apesar do apoio que tem dado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, Dilma sabe que não há mais como mantê-lo no posto apenas por teimosia, para não ceder ao que ela chama de capital especulativo. O grande problema é que a presidente ainda não encontrou um nome capaz de dar um choque de confiança no país.
Fala-se muito no presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Mas ele está sob intenso tiroteio, por ter comandado os empréstimos de R$ 10,4 bilhões ao empresário Eike Batista, que podem resultar em um rombo nos cofres públicos. Coutinho, por sinal, preferiu se retirar de cena, para não ter de explicar como pôde levar o BNDES a uma exposição tão grande.
O choque de confiança que Dilma pretende dar é traduzido por dois ministros como eficiência. Eles reconhecem que a Esplanada está emperrada. No Planejamento, sobram gritos e mau humor, e falta ação. Na Fazenda, há um hiperativismo que, em vez de motivar a economia, só a empurra ladeira abaixo. Tanto que os especialistas falam em recessão.
Ironia
Mantega trata com ironia os que criticam sua gestão. Ontem, ao ser indagado sobre mudanças em sua pasta, afirmou: ;Não confirmo nenhuma saída da equipe econômica;. A resposta do ministro incluiu o secretário do Tesouro, Arno Augustin, que começou uma cruzada em busca de apoio para permanecer no cargo. É ele um dos maiores responsáveis pelo desgaste do governo, ao recorrer a truques contábeis para esconder a gastança que pressiona a inflação.
;O Guido opera nas franjas da economia, não faz medidas de impacto;, disse um parlamentar do PT, o partido da presidente Dilma. ;Nem nós, que somos da bancada, acreditamos mais no que ele fala, imagine o mercado;, ponderou um senador com trânsito no Planalto. Para um outro petista, a mudança na equipe econômica é questão de sobrevivência. ;Se a presidente não adotar medidas de impacto, vai sangrar até o fim do governo.; Dilma descartou a volta de Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, ao governo, mas não esconde que gostaria de adotar o estilo dele, de eficiência, na gestão da máquina.