Economia

Grécia espera novos fundos da zona do euro após acordo preliminar da troika

Ainda não está claro se a zona do euro desbloqueará nesta segunda-feira (8/7) 8,1 bilhões de euros

Agência France-Presse
postado em 08/07/2013 15:08
BRUXELAS - A zona do euro avalia nesta segunda-feira (8/7) a entrega de novos fundos à Grécia após o acordo preliminar alcançado entre a troika e as autoridades gregas, em uma reunião em que também é debatida a situação política em Portugal.

"Os membros da Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) concluíram sua missão na Grécia", informou um comunicado divulgado nesta segunda-feira, poucas horas antes da reunião do Eurogrupo, em que também participa a chefe do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.

A missão dos especialistas alcançou um acordo preliminar com as autoridades gregas sobre as reformas econômicas e financeiras que o país deve fazer para receber o restante do resgate, acrescentou.

Contudo, ainda não está claro se a zona do euro desbloqueará nesta segunda-feira (8/7) 8,1 bilhões de euros, uma parte do resgate internacional concedido à Grécia. Os europeus exigem uma reforma estatal e administrativa, que prevê a demissão de milhares de funcionários públicos e sua mobilidade, em troca de ajuda.

"Vamos avaliar o que a troika tem a dizer", afirmou o chefe do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem, em sua chegada a Bruxelas.

"Se a Grécia continuar implantando as medidas, a Espanha o apoiará", disse o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos.

Durante os últimos dias, o governo de Antonis Samaras e os enviados da troika negociaram contra o tempo com o objetivo de alcançar um pacto antes da reunião do Eurogrupo, a última antes do verão (no hemisfério norte).

"A troika e as autoridades gregas consideram que as perspectivas econômicas estão de acordo com as projeções, que preveem um retorno gradual do crescimento em 2014", disse o comunicado. "O futuro, contudo, continua sendo incerto", informou. Em particular, devido ao "atraso de certas políticas" para diminuir o gasto público.

A Grécia se comprometeu a suprimir 4.000 empregos públicos antes do fim do ano e a impor mudanças a cerca de outros 25.000. Contudo, o novo ministro encarregado destas reformas, Kyriakos Mitsotakis, já alertou que precisa de mais tempo para os cortes.



Se não receber o dinheiro antes de setembro, a Grécia terá que emitir letras do Tesouro para se financiar. Várias autoridades europeias anteciparam que uma solução poderia ser a entrega do dinheiro a conta-gotas.

No que parece ser uma nova reedição desta prolongada crise europeia, os ministros examinarão, além disso, o acordo político em Portugal, que até agora tinha sido o aluno modelo das políticas de austeridade, apesar do crescente descontentamento social.

Pressionado por seus sócios europeus e os mercados financeiros, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, alcançou um acordo político com seus sócios da coalizão de direita no governo, depois de uma semana turbulenta provocada pela renúncia de dois ministros chave, das Finanças e das Relações Exteriores.

A crise política empurrou para debaixo do tapete os problemas do país para frear seu endividamento (com uma dívida pública próxima de 120% do PIB), um desemprego galopante (cerca de 20%) e uma recessão mais forte e prolongada que a prevista.

Ao longo da semana, autoridades europeias pediram a Portugal para prosseguir com seus esforços para reduzir o déficit, em troca do resgate de 78 bilhões de euros, concedido em 2011 e que deve ser concluído em junho de 2014.

Tanto os sindicatos como os empresários criticam que as reformas, cortes orçamentários e aumento de impostos sem precedentes, não fizeram nada além de agravar a recessão, o déficit e o desemprego.

O Eurogrupo prevê aprovar o programa de resgate financeiro à Espanha e já antecipou que não acredita que o país precise mais que 41 bilhões de euros (dos 100 bilhões de euros que lhe foram concedidos), para sanear seus bancos.

A situação da Grécia e de Portugal demonstra que, apesar das declarações otimistas de alguns dirigentes, a crise europeia está longe de seu final e que será preciso esperar até as eleições alemãs de setembro para acelerar os compromissos europeus.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação