Economia

Empresa usa nome do Mercosul para vender serviço de arbitragem de conflitos

Companhia fica no Entorno do Distrito Federal. Uma lei de 1996 prevê que duas partes podem pedir a um árbitro que resolva disputas, abrindo mão de recorrer ao Judiciário

Paulo Silva Pinto
postado em 14/07/2013 08:13
Wagner Moreira, ao lado do retrato de Dilma na parede: apesar da aparência, nenhum vínculo com o poder público

Quem acha que a falta de instituições fortes atrapalha o Mercado Comum do Sul pode até, erroneamente, se animar com um passeio a Santo Antônio do Descoberto. Em uma das ruas da cidade goiana no Entorno do Distrito Federal, topa-se com uma placa gigante em frente a uma construção de aspecto residencial, com jardim e cadeiras antigas de varanda: ;Câmara de Justiça Arbitral e Mediação do Mercosul;. Na linha de baixo, mais detalhes: ;1; Câmara de Mediação e Arbitragem, 1; região, Goiás;.

Imagina-se logo um organismo plurinacional. Mas o termo ;1; região; sugere um órgão do Poder Judiciário. Já o endereço eletrônico faz supor que se trata de uma entidade sem fins lucrativos: www.tjamme.org.

Depois de a reportagem do Correio se anunciar pelo interfone, o portão é destravado. No hall de entrada, uma recepcionista atrás do balcão espera os visitantes. Na parede oposta, um retrato oficial da presidente Dilma Rousseff remete novamente à presença do Estado. Ao lado dele, outra foto, de tamanho e aspecto semelhantes, mostra um homem desconhecido. Mas o mistério se desfaz quando a porta ao lado da recepção é aberta e ele aparece, atrás de uma mesa, com um sorriso largo. É Wagner Moreira, 48 anos, estudante de direito, e responsável pela Câmara.

Companhia fica no Entorno do Distrito Federal. Uma lei de 1996 prevê que duas partes podem pedir a um árbitro que resolva disputas, abrindo mão de recorrer ao Judiciário

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