Simone Kafruni
postado em 16/07/2013 11:51
O número de famílias endividadas segue em perigosa tendência de alta no Brasil. Nesta terça-feira, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgou a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional), segundo a qual o percentual de famílias brasileiras endividadas passou de 63% em junho para 65,2% em julho de 2013. No mesmo mês do ano passado, o índice estava em 57,6%. De acordo com o economista da CNC, Bruno Fernandes, os consumidores não estão conseguindo quitar seus débitos e estão fazendo novas dívidas para pagar as primeiras.
"Isso é perigoso, porque mantém a tendência de alta. Porém, com a facilitação do crédito, houve também uma maior educação financeira. E o que estamos vendo é que o brasileiro está trocando dívidas mais caras, como cartão de crédito e cheque especial, por dívidas com juros mais baixo, além de optar por prazos mais longos", explica.
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A pesquisa da CNC também apontou que o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou em julho deste ano tanto na relação com junho quanto com o mesmo mês de 2012. Os inadimplentes passaram de 20,3% em junho para 22,4% em julho deste ano. Em 2012, o percentual era de 21%. "Do total, 7,4% dos pesquisados disseram que não terão condições de honrar seus compromissos", destaca Fernandes.
O cartão de crédito e o cheque especial continuam sendo as principais dívidas dos brasileiros, mas aumentaram significativamente as dívidas com financiamento de carros e de imóveis, o que, segundo o economista da CNC, é um bom sinal. "Quando o consumidor troca dívidas de curto prazo no comércio varejista, por financiamentos de longo prazo, como a compra de um imóvel ou um carro, ele está pagando juros mais baixos e adquirindo bens mais duráveis, que podem dar retorno depois", afirmou.
O levantamento da CNC registrou aumento nos financiamentos de veículos, de 9,4%, em julho do ano passado, para 12,1% em julho deste ano. A mesma coisa ocorreu com imóveis, aumentando de 3,6%, em 2012, para 5,9% em julho de 2013. Enquanto isso, o endividamento com carnês, por exemplo, diminuiu de 19,4% no ano passado, para 17,9% em julho deste ano.
O economista alerta, contudo, que é preocupante o nível de endividamento, principalmente porque a tendência é de alta nos juros até o final do ano. "A inflação já corroeu o poder de compra dos salários, agora o crédito vai ficar mais caro, é preciso cautela. Julho registrou o patamar mais alto de endividamente deste ano", aponta.
A Peic coleta dados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.