Economia

Frente a uma economia 'frágil', G20 dará prioridade ao crescimento

Emprego e crescimento serão "prioridades a curto prazo" frente a uma retomada econômica "frágil e desigual"

Agência France-Presse
postado em 20/07/2013 10:12
MOSCOU - Os ministros das Finanças das grandes potências do G20 afirmaram neste sábado em Moscou que o emprego e o crescimento serão suas "prioridades a curto prazo" frente a uma retomada econômica "frágil e desigual".

Reunidos desde sexta-feira (19/7) para preparar a cúpula de chefes de Estado do G20, que acontecerá no início de setembro em São Petersburgo, os ministros indicaram que "a economia mundial continua muito fraca e a retomada econômica frágil e desigual", segundo o comunicado final da reunião.

Quanto ao plano de ação que será decidido durante a cúpula de São Petersburgo, os países ricos e emergentes concordaram "que nossas prioridades a curto prazo serão o emprego e o crescimento".

Os países do G20 querem "calibrar o ritmo e a composição" dos esforços orçamentários para reduzir os déficits segundo as condições de cada Estado.

As estratégias de consolidação orçamentária são necessárias nas economias avançadas, mas unicamente "a médio prazo", ressaltaram.

[SAIBAMAIS]Os ministros concordaram então em relegar a segundo plano a disciplina orçamentária, defendida pelos países superavitários como a Alemanha e a China, enquanto muitos países, como os Estados Unidos e a França, querem privilegiar o crescimento e o emprego.

Os negociadores levaram tempo para chegar a este acordo. Sexta-feira à noite, o ministro francês das Finanças reconheceu que não havia consenso "espontâneo" sobre o equilíbrio a ser encontrado entre a redução dos déficits públicos e apoio à atividade econômica, e que os resultados do G20 em termos de crescimento eram, até o momento "insuficientes".

Os próximos passos a serem seguidos são a "redução da fragmentação dos mercados financeiros", "a união bancária na Europa", "o reequilíbrio do crescimento mundial" e ainda a manutenção das políticas monetárias acomodatícias.

Sobre este ponto, e a pedido de alguns países emergentes, o G20 fez um apelo aos bancos centrais, principalmente o Fed americano, a agir com tato.

"As mudanças futuras" da política monetária "continuarão a ser calibradas cuidadosamente e claramente comunicadas", segundo o grupo.

Este ponto é essencial para alguns países emergentes, como Brasil e Rússia, que têm sido afetados pela política do Banco Central dos Estados Unidos.

O Federal Reserve (Fed) inunda há vários anos o sistema financeiro com liquidez, reinvestindo pesadamente em mercados emergentes, onde os retornos são mais elevados.

Mas o fim anunciado desta política de apoio à atividade econômica levou à saída de capitais significativos de economias em desenvolvimento, minando seus mercados financeiros e pesando em suas moedas.

O presidente do Fed, Ben Bernanke, garantiu esta semana que a instituição iria reduzir o seu apoio à economia apenas quando julgar a recuperação como suficientemente forte.

As grandes potências também indicaram que "apoiam inteiramente" o plano de ação da OCDE contra as estratégias fiscais adotadas por multinacionais para pagar menos impostos.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) entregou na sexta-feira um relatório com um "plano de ação para lutar contra a erosão da base de impostos e a transferência de benefícios" que se divide em 15 medidas.

A OCDE propõe aos países do G20 obrigar as empresas a fornecer ainda mais informações sobre a repartição geográfica de suas receitas, reforçar as trocas de informação entre países e controlar melhor a utilização das filiais no exterior nas estratégias fiscais.

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O objetivo é que o conjunto do G20 aprove o plano, respaldado pela Alemanha, Grã-Bretanha, França e Rússia e que depois apliquem as medidas nos próximos dois anos.

Mas os ministros se limitaram a expressar apoio às "etapas regulares sobre o desenvolvimento das propostas e das recomendações para aplicar os 15 pontos" deste plano.

"A aplicação dessas medidas em um único país ou em um grupo de países não dará resultados", preveniu na quinta-feira o ministro russo Anton Silouanov.

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