Agência France-Presse
postado em 22/07/2013 11:16
Lisboa - O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, ratificou nesta segunda-feira (22/7), ao término de três semanas de crise política e depois de receber o apoio do presidente Anibal Cavaco Silva, que continuará com a política de austeridade pactada com os credores de Portugal. "Muitos dizem que a austeridade é excessiva, mas as circunstâncias a impõem", afirmou Passos Coelho, que dirige um governo de centro-direita."A confiança conquistada nos últimos dois anos foi um pouco atingida", disse o primeiro-ministro, que prometeu "reconstruir esta confiança". Quero dissipar "as dúvidas sobre nossa vontade de concluir nosso programa de ajuda na data prevista", em junho de 2014, acrescentou. Passos Coelho disse que irá continuar com as "reformas profundas", apesar da impopularidade da política de austeridade levada adiante sob a tutela da União Europeia (UE), do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
No domingo (21/7), o presidente Anibal Cavaco Silva apoiou Passos Coelho e descartou a convocação de eleições legislativas, exigida pela oposição de esquerda. "Considero que a melhor solução é manter em funções o atual governo", declarou o chefe de Estado. "No atual contexto de urgência nacional, a convocação de eleições não é uma solução para os problemas enfrentados por Portugal", acrescentou.
Num primeiro momento, o presidente havia pedido aos partidos da coalizão no poder e aos socialistas que concluíssem um "pacto de salvação nacional" para cumprir o ajuste financeiro exigido pela UE, pelo BCE e FMI em troca de uma ajuda de 78 bilhões de euros acordada em 2011. No entanto, o fracasso desta solução o obrigou a recuar e a confirmar em seu cargo o líder da coalizão de centro-direita, no poder desde junho de 2011.
Após a decisão, Cavaco Silva foi criticado em Portugal. "É difícil entender por que Cavaco aceita agora a solução que havia considerado insuficiente", escreveu o Diário de Notícias. Nesta segunda-feira (22), ainda existiam dúvidas com relação à composição do governo, já que o presidente não informou se aprovava as mudanças ministeriais propostas por Passos Coelho. O primeiro-ministro decidiu promover ao cargo de vice-primeiro-ministro Paulo Portas, chefe do Partido Conservador CDS-OO, cuja renúncia ao ministério das Relações Exteriores desencadeou a crise.