Economia

Recessão da Espanha desacelera no segundo trimestre deste ano

O Produto Interno Bruto do país se contraiu 0,1% em relação ao primeiro trimestre, anunciou o Instituto Nacional de Estatística (INE)

Agência France-Presse
postado em 30/07/2013 16:39
MADRI - A recessão na Espanha, quarta economia da zona do euro, foi moderada no segundo trimestre segundo as cifras provisórias publicadas nesta terça-feira (30/7), reforçando a ideia de um retorno ao crescimento em breve, apesar das perspectivas continuarem difíceis.

O Produto Interno Bruto do país se contraiu 0,1% em relação ao primeiro trimestre, anunciou o Instituto Nacional de Estatística (INE), uma cifra ainda provisória, mas idêntica à antecipada na semana anterior pelo Banco de Espanha, que, como o governo, projeta um retorno ao crescimento no próximo trimestre.

O país, fragilizado após o estouro da bolha imobiliária em 2008 e em recessão há quase dois anos, viu como seu PIB recuar 0,8% no último trimestre de 2012 e 0,5% no primeiro trimestre de 2013.

Esta nova queda, apesar de menor, representa o oitavo trimestre consecutivo de contração, um resultado que se deve à "contribuição negativa da demanda nacional, que é compensada parcialmente pela positiva demanda externa", explica o INE em um comunicado.

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O dinamismo exportador experimentado nos últimos meses não consegue neutralizar o baixo consumo nacional em um país com 26,26% da população ativa desempregada.

"A recuperação está em marcha", comemorou o secretário de Estado da Economia, Fernando Jiménez Latorre, na rádio Onda Cero, aventurando uma "mudança de ciclo".

"Acredito que já deixamos o pior da crise para trás e esta tendência, esta mudança de inflexão se manterá nos próximos trimestres segundo nossas estimativas", acrescentou.

A frágil queda do PIB registrada entre abril e junho "confirma que a economia espanhola está praticamente em um ponto de inflexão", interpretaram os analistas da BBVA Research, se somando ao discurso otimista do governo durante as últimas semanas.

No mês de junho, o ministro de Economia, Luis de Guindos, afirmou que o país "está deixando para trás a recessão", confirmando o anunciado previamente por seu homólogo da Fazenda, Cristóbal Montoro, que afirmou que a Espanha "está saindo da crise" graças ao saneamento das contas públicas.

Jesús Castillo, analista especializado no sul da Europa, do banco Natixis, pondera este entusiasmo: apesar da queda de quase um ponto da taxa de desemprego no segundo trimestre, "o mercado de trabalho continua reduzindo postos de trabalho na indústria", disse em uma nota.

"É certo que o ritmo de redução é claramente menos dramático que nos piores momentos da crise, mas o peso dos que buscam emprego entre a população ativa continua em um nível extraordinariamente elevado", observa.

Entre os países industrializados, só a Grécia sofre um desemprego mais elevado.

A evolução em relação ao ano anterior, que servirá para calcular o crescimento espanhol em 2013 no final do ano, revela uma diminuição de 1,7% no segundo trimestre, acima de 1,3% que o governo prevê de queda global este ano.

A Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) são mais pessimistas, projetando uma contração de 1,5% e 1,6% respectivamente.

"Embora seja preciso comemorar a relativa calma, ou melhor, a menor depressão, as perspectivas a médio e longo prazo não permitem cantar vitória", opina Castillo.

"As previsões do FMI no começo de julho colocam a Espanha como um dos poucos grandes países da zona do euro que registrarão um crescimento nulo em 2014", lembra.

"Os riscos para a economia e, em consequência, para o setor financeiro continuam sendo elevados", alertou recentemente o FMI, já que o país ainda tem que corrigir certos desequilíbrios como o saneamento das contas públicas, uma queda significativa dos preços das casas e uma diminuição da dívida privada.

Em um relatório recente, a Comissão disse também que "os riscos persistiam em um contexto de desemprego elevado, de contração da atividade, com uma dívida privada na Espanha e para o exterior elevada e uma dívida pública que aumenta rapidamente".

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