Agência France-Presse
postado em 01/08/2013 16:11
FRANKFURT - A zona do euro está melhor, mas mantém a prudência, disse nesta quinta-feira (1/8) o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que reiterou que a instituição manterá as taxas de juros baixas o tempo que for necessário.Recentemente, os "indicadores de confiança, que partem de um nível baixo, melhoraram e se confirmou o cenário de uma estabilização da economia", declarou Draghi na coletiva de imprensa no final da reunião mensal do conselho de diretores que decidiu manter as taxas historicamente baixas de 0,50%, vigentes desde maio.
Contudo, os ajustes realizados por vários países e que se traduzem em grandes cortes orçamentários "vão continuar pesando na atividade econômica", alertou, antes de afirmar que continua havendo riscos para a economia da zona do euro. Entre outros, de que a demanda mundial e na zona do euro seja menor que a esperada.
Enquanto a situação econômica continuar frágil e as previsões de inflação continuarem sendo moderadas, o BCE manterá suas taxas baixas, prometeu Draghi, rompendo, como já o fez mês passado, com a tradição de não antecipar decisões futuras.
Este compromisso ("forward guidance"), alinhado com outros bancos centrais, continuará sendo "válido até nova ordem", informou Draghi.
Os dados econômicos terão que ser "significativamente melhores" antes de virar a página, disse, alertando, ao mesmo tempo, que não repetirá esta orientação a cada mês.
Esta resolução certamente que será amenizada pela sessão de perguntas dos jornalistas, disse Holger Schmieding, economista do Banco Berenberg.
"Grandes avanços" na zona do euro
Para Draghi, as políticas de ajuste e de melhora da competitividade realizadas na zona do euro deram frutos. "Em geral, foram feitos grandes avanços desde o ano passado", disse.
Sobre o programa de compra de dívida pública do BCE, o OMT, que nunca foi utilizado, apesar de acalmar os mercados financeiros, Draghi disse que "não é a resposta a todos os problemas".
O presidente do BCE falou da possibilidade de publicar as atas das reuniões do conselho de diretores, uma medida que contribuiria para tornar mais transparente a instituição, como fazem outros bancos centrais.
Contudo, a decisão será tomada de "forma verdadeiramente consensual" pelos 23 membros do conselho de diretores, ou seja, os 17 presidentes dos bancos centrais da zona do euro e os seis membros da diretoria, disse, antes de informar que o conselho fará uma proposta aos diretores no outono (do hemisfério norte).
A publicação destas atas - que até agora permanecem em segredo por um período de 30 anos - só significa um "valor agregado na comunicação" à medida que "não ameaça nossa credibilidade", disse, antes de alertar contra toda "politização" das decisões de política monetária, deixando entrever que não serão transcritas todas as discussões.
Tudo isso sugere que "o BCE não publicará processos verbais que atribuam certas opiniões ou votos individualmente", explicou Holger Schmieding.
Isso, sem dúvida, tranquilizará o predecessor de Draghi à frente do BCE, Jean-Claude Trichet, que, em uma entrevista ao jornal alemão Die Zeit, nesta quinta-feira (1/8), disse estar preocupado que o BCE deixe de falar "com uma só voz".