A frustração com o crescimento da economia bateu no resultado das companhias com ações negociadas em bolsa de valores. De 34 empresas que divulgaram balanços referentes ao segundo trimestre (o levantamento não inclui a Petrobras), quase 60% apresentaram recuo nos lucros. Os ganhos totais, de R$ 14,1 bilhões, apontaram tombo de 4,3% ante o primeiro deste ano, e de 3,5% frente abril e junho de 2012. A alta da inflação, o elevado endividamento das famílias, a disparada do dólar e a crise gerada pelo fim dos estímulos monetários nos Estados Unidos, além das manifestações que tomaram as ruas em maio e junho, foram barreiras para a expansão dessas firmas. Por isso, os investimentos produtivos andam tão fracos.
No entender dos especialistas, os resultados só não foram piores em função de mudanças na forma de contabilizar as perdas com a valorização do dólar. As companhias passaram a fazer uma operação chamada contabilidade de hedge, um sistema de registro que usa as exportações como proteção contra a variação da dívida em moeda estrangeira. Com isso, a alta do dólar frente o real foi repassada apenas parcialmente para os resultados. ;Essa contabilidade tende a favorecer o lucro. Por isso as empresas estão adotando esse modelo. O intuito é tentar impulsionar os ganhos e minimizar os impactos do dólar;, observou Luís Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora.
Diante do quadro de economia fraca, as palavras mais repetidas nas divulgações dos balanços foram contenção de gastos. Todas as empresas fizeram longos relatos de como trabalharam para otimizar os desempenho e diminuir custos. ;Estamos vivendo uma crise. Para reter caixa e manter a avaliação de risco, as empresas vão fazer de tudo;, explicou Pedro Galdi, analista-chefe de investimentos da SLW Asset Management. ;A gente viu uma maioria de companhias com controle de despesas interessante, que acaba impulsionando os lucros, mas, em termos de superação de expectativas, houve um pouco de decepção;, emendou Pereira.