postado em 24/08/2013 16:27
A desvalorização do câmbio nos últimos meses está em níveis irreais e reflete a especulação do mercado financeiro. A avaliação é do sócio da consultoria Austin Rating, Alex Agostini. Segundo ele, a cotação atual do dólar, que encerrou a semana vendido a R$ 2,3534 está distorcida pela turbulência internacional e descolada dos fundamentos da economia brasileira.
;O que está por trás da alta do câmbio é o rearranjo da disputa pela rentabilidade do capital internacional, mas uma desvalorização nesse nível não tem fundamento. Se pegarmos a economia brasileira, do início de maio para cá, vemos que não mudou muita coisa. Os fundamentos da formação da taxa de câmbio estão os mesmos;, disse o economista.
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Segundo Agostini, os problemas internos da economia brasileira, com acusações de manobras fiscais e maquiagem das contas públicas, ajudam a empurrar o dólar ainda mais para cima. Ele, no entanto, não acredita que esse seja o principal fator para cotação da moeda norte-americana ter subido 15% em 2013.
;O Brasil acaba sofrendo por desarranjos feitos na área fiscal, mas, se pensarmos bem, o problema no superávit primário [economia de recursos para pagar os juros da dívida pública] vem há tempos. As nossas reservas internacionais continuaram a subir mesmo no período em que a contabilidade do governo passou a ser questionada. O principal motivo é mesmo uma disputa pelo capital internacional, que faz os investidores retirar o dinheiro aplicado no Brasil nos últimos anos;, explicou.
[SAIBAMAIS]Agostini ressalta que existe um forte componente especulativo por trás da desvalorização não apenas do real, mas das moedas dos países emergentes. Ele reitera que o Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, ainda nem começou a retirar os estímulos monetários para a economia dos Estados Unidos.
;É uma série de interpretações de declarações de Bem Bernanke [presidente do Fed] e de diretores da instituição que está provocando instabilidade no sistema financeiro internacional. A própria ata da reunião do Fed [divulgada na última quarta-feira (21)] não informa nem quando o Banco Central americano vai começar a agir. Só diz que pode ser no fim do ano;, declarou Agostini.
Apesar das ações do Banco Central (BC) brasileiro, que anunciou um pacote de intervenções diárias no câmbio até dezembro, Agostini avalia ser impossível prever em que nível o dólar encerrará o ano. ;Falar de câmbio agora é como falar de sexo dos anjos. Não dá para projetar nada;, acrescentou.
Ontem (23), a moeda norte-americana fechou com queda de mais de 3% após o anúncio pelo BC das intervenções programadas. No entanto, o professor de economia internacional André Nassif, da Fundação Getulo Vargas (FGV), disse que existe a possibilidade de a medida não dar certo. ;Se o Banco Central vender diretamente os dólares das reservas internacionais para conter o câmbio, isso pode aumentar a desconfiança dos investidores de que o Brasil está menos seguro para enfrentar crises externas e ter o efeito inverso, fazendo o dólar subir ainda mais;, alertou.
Desde o fim de maio, o BC vendeu pouco mais de US$ 40 bilhões no mercado futuro. No entanto, a autoridade monetária anunciou que também poderá vender dólares à vista, queimando as reservas internacionais, atualmente em torno de US$ 350 bilhões.
;O que está por trás da alta do câmbio é o rearranjo da disputa pela rentabilidade do capital internacional, mas uma desvalorização nesse nível não tem fundamento. Se pegarmos a economia brasileira, do início de maio para cá, vemos que não mudou muita coisa. Os fundamentos da formação da taxa de câmbio estão os mesmos;, disse o economista.
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Segundo Agostini, os problemas internos da economia brasileira, com acusações de manobras fiscais e maquiagem das contas públicas, ajudam a empurrar o dólar ainda mais para cima. Ele, no entanto, não acredita que esse seja o principal fator para cotação da moeda norte-americana ter subido 15% em 2013.
;O Brasil acaba sofrendo por desarranjos feitos na área fiscal, mas, se pensarmos bem, o problema no superávit primário [economia de recursos para pagar os juros da dívida pública] vem há tempos. As nossas reservas internacionais continuaram a subir mesmo no período em que a contabilidade do governo passou a ser questionada. O principal motivo é mesmo uma disputa pelo capital internacional, que faz os investidores retirar o dinheiro aplicado no Brasil nos últimos anos;, explicou.
[SAIBAMAIS]Agostini ressalta que existe um forte componente especulativo por trás da desvalorização não apenas do real, mas das moedas dos países emergentes. Ele reitera que o Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, ainda nem começou a retirar os estímulos monetários para a economia dos Estados Unidos.
;É uma série de interpretações de declarações de Bem Bernanke [presidente do Fed] e de diretores da instituição que está provocando instabilidade no sistema financeiro internacional. A própria ata da reunião do Fed [divulgada na última quarta-feira (21)] não informa nem quando o Banco Central americano vai começar a agir. Só diz que pode ser no fim do ano;, declarou Agostini.
Apesar das ações do Banco Central (BC) brasileiro, que anunciou um pacote de intervenções diárias no câmbio até dezembro, Agostini avalia ser impossível prever em que nível o dólar encerrará o ano. ;Falar de câmbio agora é como falar de sexo dos anjos. Não dá para projetar nada;, acrescentou.
Ontem (23), a moeda norte-americana fechou com queda de mais de 3% após o anúncio pelo BC das intervenções programadas. No entanto, o professor de economia internacional André Nassif, da Fundação Getulo Vargas (FGV), disse que existe a possibilidade de a medida não dar certo. ;Se o Banco Central vender diretamente os dólares das reservas internacionais para conter o câmbio, isso pode aumentar a desconfiança dos investidores de que o Brasil está menos seguro para enfrentar crises externas e ter o efeito inverso, fazendo o dólar subir ainda mais;, alertou.
Desde o fim de maio, o BC vendeu pouco mais de US$ 40 bilhões no mercado futuro. No entanto, a autoridade monetária anunciou que também poderá vender dólares à vista, queimando as reservas internacionais, atualmente em torno de US$ 350 bilhões.