Economia

BRICS defendem coordenação para o fim das políticas anticrise

Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul consideram que o fim iminente dos estímulos da política monetária do Federal Reserve está repercutindo negativamente nos países emergentes

Agência France-Presse
postado em 05/09/2013 11:47
São Petersburgo - Os BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) pediram nesta quinta-feira (5/9) aos países ricos reunidos na Cúpula do G20, em São Petersburgo, que assumam suas responsabilidades na crise financeiera. Os BRICS, que se reuniram antes do início oficial do G20, consideram que o fim iminente dos estímulos da política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) está repercutindo negativamente nos países emergentes.

"Falaremos sobre nossa posição comum na reunião do G20", disse o anfitrião do encontro, o presidente russo Vladimir Putin. O crescimento do grupo de países, que respondem por 25% do PIB mundial e 40% da população do planeta, registrou desaceleração nos últimos meses e suas moedas desvalorizaram na comparação com o dólar, ante a perspectiva de que o governo americano acabe com a política monetária anticrise. "Esperamos que os Estados Unidos, como maiores emissores de reservas de divisas, levem em consideração as consequências de suas políticas para o restante das economias", afirmou o vice-ministro chinês das Finanças, Zhu Guangyao, antes da reunião dos países emergentes na ilha de Strelna, a 15 km da antiga capital imperial russa, no Golfo da Finlândia.



[SAIBAMAIS]Zhu recordou que é necessário "reforçar a coordenação das macropolíticas e ter mais cuidado com o impacto sobre os demais, além de trabalhar juntos para enfrentar os desafios". As moedas mais afetadas com a fuga de capitais ante a perspectiva de que o Fed eleve as taxas de juros são a rupia indiana, que perdeu 20% do valor no decorrer do ano, o real, desvalorizado em 15%, e o rublo russo, com perda de quase 10%. Segundo os analistas da agência IHS Global Insight, 44 bilhões de dólares deixaram os mercados emergentes em três meses, e o movimento parece estar apenas no início.

A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pediu em julho aos países emergentes que preparassem suas economias para torná-las menos dependentes dos fluxos de capital internacionais. Em uma nota recente prévia ao G20, o FMI advertiu sobre os "ajustes desordenados" no momento em que os países desenvolvidos começam a sair de uma crise que já dura cinco anos. A África do Sul advertiu na segunda-feira contra as decisões "baseadas apenas nos interesses nacionais que podem ter consequências graves para o resto dos países".

Os países emergentes também pretendiam abordar a criação de reservas comuns para proteger-se, justamente, da volatilidade dos mercados de câmbio. Putin falou na abertura da reunião de uma cesta de 100 bilhões de dólares. No entanto, o vice-ministro das Finanças da China afirmou que no momento não há necessidade de nenhum resgate para os países que registraram a maior fuga de capitais, mas defendeu a execução de reformas rápidas para "enfrentar os problemas". Os BRICS também esperam evoluir no compromisso de criação de um banco de desenvolvimento, como decidiram em Durban (África do Sul) em março, que estaria constituído com um capital de 50 bilhões de dólares.

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