Agência France-Presse
postado em 05/09/2013 16:34
Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) manteve inalterada, nesta quinta-feira (5/9), a sua principal taxa de juros em 0,5%, mínimo histórico em vigor desde maio, em um contexto de princípio de recuperação econômica na zona do euro.Esta decisão, esperada pelos analistas, acontece quando a zona do euro volta a registrar um crescimento econômico desde o segundo trimestre (%2b0,3%), após 18 meses de recessão e de queda de seu Produto Interno Bruto (PIB).
Esta boa notícia levou o BCE a revisar, nesta quinta-feira, levemente para cima suas previsões de crescimento para 2013: a instituição espera que o PIB da zona do euro retroceda 0,4% este ano, contra -0,6% em sua previsão anterior de junho. Para 2014, prevê um crescimento de %2b1%, (contra %2b1,1%), disse em Frankfurt o presidente da instituição, Mario Draghi.
Draghi aludiu a uma recuperação "em ritmo moderado" da produção nos países do euro, a uma demanda que se recupera e um apaziguamento dos mercados financeiros desde o verão (no hemisfério norte) 2012, que "suavemente parece se estender à economia real".
O presidente do BCE alertou, contudo, que continuam pesando ameaças sobre a economia da região, onde vários países, em particular Espanha e Itália, realizam duras reformas e ajustes que dificultam seu crescimento. "Sou muito, muito prudente em relação à recuperação. Não posso compartilhar o entusiasmo" gerado pelo fim da recessão na zona do euro. O BCE "se mantém disposto a atuar" se for necessário, disse Draghi.
Enquanto a economia continuar sendo frágil, o BCE manterá suas baixas taxas, afirmou o presidente da instituição, reiterando uma promessa feita pela primeira vez em julho. "Desde então, estamos atentos aos riscos geopolíticos que possam ser produzidos como consequência da situação na Síria, e aos riscos econômicos gerados pela situação nos mercados emergentes", afetados pelo fim das políticas de estímulo monetário nos Estados Unidos, explicou Draghi.
Os especialistas também destacam que essa recuperação na União monetária ainda é modesta e frágil. "Os riscos para a economia diminuíram, mas não desapareceram", opina Christian Schulz, do banco Berenberg. "O pior ficou para trás, mas o futuro não é brilhante", constatou Carsten Brzeski, da ING, aludindo aos "riscos externos" como a crise síria, a alta dos preços do petróleo e a desaceleração do crescimento nos países emergentes.
Em relação à promessa de Draghi de manter as taxas do BCE neste nível baixo e inclusive reduzi-la ainda mais em caso de degradação econômica, os analistas mostram um certo ceticismo.
Esta orientação ("forward guidance") rompe com a tradição do BCE de não antecipar sua política monetária e, além disso, se produz em um contexto global que tende mais à alta das taxas de juros nos mercados.
"Ao não vincular esta orientação a uma variável econômica, como fazem a maioria dos bancos centrais, o BCE é vulnerável. Um resultado econômico melhor que o esperado (...) poderia dificultar" essas tentativas de ;pilotar; as expectativas dos mercados, alerta Brzeski.
Por outro lado, o BCE elevou nesta quinta-feira sua previsão de inflação na zona do euro a 1,5% para 2013 (contra 1,4%) e manteve inalterada sua previsão de inflação para 2014 a 1,3%.