Simone Kafruni
postado em 11/09/2013 06:00
Tudo conspira para minar a confiança no Brasil. O país abandonou as reformas necessárias, mantém uma meta de inflação elevada e flexibilizou objetivos na política fiscal. Além disso, jamais buscou a independência do Banco Central e abusou da contabilidade criativa nas contas públicas. Esse quadro, segundo economistas ouvidos por parlamentares, responde por pelo menos 30% da crise pela qual passa a economia brasileira. O histórico do país, de calote, também é um agravante. ;O Brasil tem um pecado original;, sentenciou Octavio de Barros, diretor de Pesquisa e Estudos Macroeconômicos do Bradesco. ;A percepção internacional é de que há avanços, mas falta apetite para as reformas;, disse.Barros se reuniu ontem com Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, e Nilson Teixeira, economista-chefe do Crédit Suisse. O trio apresentou a senadores, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), um panorama da economia brasileira e sugestões para minimizar os efeitos da desaceleração global sobre o Brasil. ;Confiança é o nome do jogo;, disse Barros. ;O Brasil tem um problema recorrente de crise de confiança, independentemente do governo do momento;, argumentou.
Na Comissão, foi consenso a avaliação de que melhorar a credibilidade reforçará o fluxo de capitais para o Brasil, atenuará a desvalorização do real e favorecerá o crescimento econômico e o combate à inflação. Nos cálculos de Nilson Teixeira, o Brasil avançará 2,4% em 2013 e 3% no próximo ano, índice possível desde que o país melhore o desempenho nos próximos trimestres. Do contrário, a estimativa será revisada para baixo. Em 2012, Teixeira previu expansão de 1,5% para o Brasil e foi duramente criticado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que considerou o número uma piada. Ao fim do ano, porém, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) foi pior, de apenas 0,9%.
Para os economistas, depois da euforia com o segundo trimestre, quando o PIB saltou 1,5%, será preciso muita calma para enfrentar o resultado acumulado entre julho e setembro. Tudo aponta para uma estagnação ou mesmo queda de até 0,5%. Dados de vendas de papelão ondulado, divulgados ontem pela associação que representa o setor, confirmam a tese dos especialistas ; houve queda de 3,04% na comparação entre agosto e igual mês de 2012. O número, assim como o fluxo total de veículos pelas estradas pedagiadas, que cresceu 0,7% na mesma comparação, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), é importante porque dá pistas do desempenho do setor produtivo. É o que se chama de indicador antecedente.
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