Economia

Com ajuda do governo, vendas de julho no comércio surpreendem e sobem 1,9%

A alta se deve aos móveis e eletrodomésticos, que recebem subsídio por meio do Minha Casa Melhor. Lojistas aproveitam o consumo maior para aumentar preços e ampliar as margens de lucro

Antonio Temóteo
postado em 13/09/2013 08:30
Consumidores foram às compras, mas, para analistas, como a inflação continua elevada e famílias estão muito endividadas, o forte movimento do varejo não deve se sustentar
O governo rufou os tambores, tratou de capitalizar o quanto pôde na expectativa de afastar o pessimismo que ronda a economia, mas os analistas viram com ressalvas o surpreendente aumento de 1,9% nas vendas do varejo em julho, quando excluídos os ramos de veículos e de materiais de construção. Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado decorreu, sobretudo, dos estímulos dados pelo governo a compras de móveis e eletrodomésticos por meio do programa Minha Casa Melhor. Na comparação com julho de 2012, somente o faturamento da chamada linha branca (fogão, geladeira e máquina de lavar) deu um salto de 11%. Cada família inscrita no Minha Casa, Minha Vida tem direito a um crédito de até R$ 5 mil. Pelas contas do governo, em julho, foi liberado, pelo menos, R$ 1 bilhão ao comércio. Até o fim do ano, a expectativa é de disponibilizar R$ 2,4 bilhões.



As compras de móveis e eletrodomésticos são feitas por intermédio de financiamentos subsidiados pelo Tesouro Nacional. No total, esse programa já custou R$ 8 bilhões aos cofres públicos, dinheiro que foi destinado ao reforço de capital da Caixa Econômica Federal. Sem esses recursos, o banco estaria impedido de atender o pleito da presidente Dilma. Essa operação, no entanto, aumentou a desconfiança dos agentes econômicos quanto ao real compromisso do governo com o ajuste fiscal necessário para que o Banco Central não seja obrigado a pesar tanto a mão nas taxas de juros. Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, o programa também é inflacionário. Móveis e eletrodomésticos responderam por 22% da inflação de julho (0,24%).

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