Ninguém quer o governo como sócio nas obras relacionadas ao programa de concessões na área de infraestrutura. A aversão do investidor à presença do Estado é tamanha que, mesmo ofertas aparentemente irrecusáveis, como a execução de parte dos projetos por órgãos públicos, são vistas com desconfiança. As críticas ao modelo de privatização já provocam no Executivo o temor de que fracassos como o da licitação de um trecho da BR-262, entre Minas Gerais e Espírito Santo, para a qual nenhum interessado se apresentou, possam se repetir e contaminar todo o processo. Por isso, o Planalto montou um gabinete extraoficial de crise, chefiado pelo ministro do Transporte, César Borges, que vai trabalhar em contato direto com a presidente Dilma Rousseff para tentar garantir o sucesso dos próximos leilões. Ontem, mesmo for anunciada a mudança no cronograma das licitações de rodovias. Agora, será oferecido um trecho de cada vez.
[SAIBAMAIS]A situação da BR-262 contrasta com a da BR-050, entre Goiás e Minas Gerais), para a qual oito grupos se candidataram, na semana passada. Segundo especialistas, a concessão teria sido inviabilizada, entre outros motivos, pela promessa de que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ficaria encarregado de executar parte da duplicação da estrada. Escaldados pela notória ineficiência governamental, os investidores tiveram receio de que a autarquia não terminasse o trabalho dentro do prazo estipulado no edital. Nessa situação, o consórcio vencedor ficaria sujeito a punições por descumprimento dos termos do contrato. O que era, portanto, uma manobra para aumentar a atratividade do negócio, acabou sendo uma ação que afugentou os empresários. Para o governo, o que pesou foi o receio de que políticos do Espírito Santo contestassem na Justiça a cobrança de pedágio nos trechos privatizados, o que inviabilizaria a rentabilidade do negócio.
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