Economia

Estados Unidos caminha, mais uma vez, para crise orçamentária

Há apenas dois anos, os Estados Unidos passaram por um episódio parecido

Agência France-Presse
postado em 18/09/2013 19:35
Washington - A 13 dias do novo ano fiscal, os Estados Unidos caminham para uma nova crise política, no momento em que o presidente Barack Obama adverte que a intransigência de seus adversários republicanos pode provocar uma catastrófica moratória. Há apenas dois anos, os Estados Unidos passaram por um episódio parecido.

Duas datas-limite se aproximam rapidamente: 1; de outubro, quando começa o novo ano fiscal; e meados de outubro, quando o Departamento do Tesouro americano acredita que o "teto" da dívida pública será atingido.

Em cada caso, o Congresso, dividido entre uma Câmara de Representantes controlada pelos republicanos e um Senado de maioria democrata, precisa chegar a um acordo e aprovar um texto que evite a paralisação dos serviços não essenciais do Estado federal e um calote. A última vez em que o governo parou foi em 1995.

Os republicanos parecem determinados, porém, a utilizar seu poder para relacionar ambos os temas na queda de braço com a Casa Branca sobre o financiamento da lei de reforma da saúde. A chamada Obamacare foi aprovada em 2010. O Executivo já descartou negociações que possam afetar a completa implementação e o funcionamento da lei, por considerar chantagem qualquer barganha nesse sentido.

"Nunca vimos isso no passado: que um orçamento fosse condicionado à eliminação de uma lei que foi adotada pelas duas Câmaras do Congresso, cuja constitucionalidade foi confirmada pela Suprema Corte, que está a duas semanas de ser plenamente aplicada e que ajuda 30 milhões de pessoas a obter, finalmente, uma cobertura de saúde", disse Obama, nesta quarta-feira, a uma plateia de empresários em Washington, D.C.

Em 1; de outubro, devem ser abertas as inscrições para milhões de americanos que não têm assistência de saúde e que precisam de um seguro subvencionado pelo Estado federal.

"Estou pronto para negociar (com os republicanos) sobre o orçamento", disse Obama. "Não criarei um hábito, segundo o qual a confiança na capacidade do presidente de pagar suas dívidas se transforma em uma ficha de negociação política. Isso é irresponsável", advertiu.



-- A pressão ultraconservadora --

Diante da pressão dos ultraconservadores da bancada republicana, a Câmara de Representantes aprovará um orçamento-tampão, que ficará em vigor até 15 de dezembro. Esse texto provisório incluirá a supressão de créditos dedicados à reforma de saúde, confirmou o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, nesta quarta-feira.

O campo conservador é contrário à lei de saúde, o que mantém a derrogação da Obamacare como fonte de acalorado debate.

Também na próxima semana, a Câmara deve votar um aumento do teto da dívida, sob as mesmas condições. Esses dois textos não têm qualquer possibilidade de avançar no Senado, porém, e os democratas continuam a reclamar do que chamam de intransigência dos republicanos.

"É preciso acabar com este jogo político", defendeu o representante democrata Xavier Becerra, prevendo uma consequência nefasta com a eventual suspensão de determinados serviços públicos.

Na terça, o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew, lembrou que o teto da dívida nacional é de US$ 16,7 trilhões de dólares. Segundo Lew, o limite já foi alcançado em maio, e as medidas extraordinárias para evitar uma moratória devem se esgotar em meados de outubro. O Tesouro pode aguentar até a primeira quinzena de novembro, de acordo com o diretor do Escritório de Orçamento do Congresso.

Em 2011, uma crise política similar sobre o teto da dívida levou a agência de classificação financeira Standard and Poor;s a privar os Estados Unidos de sua nota da dívida "triplo A".

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