Economia

Senado dos EUA rejeita Orçamento aprovado na Câmara e impasse continua

Minutos antes, a Câmara de Representantes havia adotado um terceiro projeto temporário de Orçamento, por 228 votos a 201

Agência France-Presse
postado em 30/09/2013 23:32
O Senado americano, de maioria democrata, rejeitou nesta segunda-feira à noite a nova versão do projeto de lei orçamentário aprovada minutos antes pela Câmara de Representantes, de maioria republicana, prolongando o impasse que ameaça paralisar o governo federal.

Os senadores democratas rejeitaram o texto que adiava a entrada em vigor da reforma de Saúde promovida pelo presidente Barack Obama, a chamada Obamacare.

Minutos antes, a Câmara de Representantes havia adotado um terceiro projeto temporário de Orçamento, por 228 votos a 201, aprovando o Orçamento mas retardando, por um ano, a aplicação do Obamacare.

Para o senador democrata Harry Reid, os legisladores do partido Republicano "perderam a cabeça" e preferiram provocar a paralisação do governo federal apenas para impedir a reforma do sistema de saúde.

"Albert Eistein dizia que a estupidez consiste em fazer a mesma coisa, várias vezes, pensando em se obter um resultado diferente", ironizou o senador Reid em referência aos deputados do partido Republicano.

Em meio à queda de braço, o presidente Barack Obama se reuniu nesta segunda-feira com os líderes do Congresso e fará o mesmo na terça-feira, mas reiterou que não negociará sob ameaça de uma paralisação dos serviços.

"Não estou resignado sobre nada" que leve os serviços públicos a fechar, disse Obama. Mas "a única forma de fazer isso é fazer com que todos se sentem para discutir com boa fé", sem a ameaça de um fechamento temporário dos serviços públicos federais.

"Também não se pode antecipar negociações sensatas sob a ameaça de uma moratória", que seria a primeira na história dos EUA, acrescentou.

Falando a jornalistas na Casa Branca, Obama disse que "um grupo de um partido em uma câmara do Congresso em um setor do governo não pode paralisar todo o governo apenas para voltar a disputar o resultado de uma eleição", aludindo à reforma da Saúde, que foi ponto central de sua campanha à reeleição, no ano passado.

Com a decisão do Senado, as negociações voltam ao ponto de partida poucas horas antes do começo do exercício fiscal de 2014 e do fim do prazo legal para que o país se dote de uma nova lei de orçamento.

O relógio avança, e para a maioria dos americanos (46%) um eventual fechamento parcial de repartições públicas seria responsabilidade dos republicanos, enquanto 36% culpam o governo, segundo pesquisa da CNN/ORC International publicada nesta segunda-feira, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais.

Wall Street fechou em queda nesta segunda-feira - assim como as principais bolsas mundiais -, afetada pela possibilidade de que os congressistas não cheguem a um acordo a tempo.

Desenlace iminente
A proposta republicana "é uma extorsão, não um compromisso", declarou o senador democrata Charles Schumer nesta segunda-feira à rede MSNBC. "Não somos nós que queremos parar", justificou a representante republicana Marsha Blackburn à CNBC.

Sem novos fundos, algumas agências do governo federal terão que licenciar, sem remuneração, mais de 800.000 funcionários de serviços considerados não essenciais, algo que Obama chamou de "auto-mutilação" em sua mensagem de rádio semanal de sábado.

A Câmara de Representantes adotou um projeto de orçamento até 15 de dezembro para negociar nesse prazo um orçamento para todo o ano fiscal 2014.

Contudo, sob pressão dos representantes ultraconservadores do Tea Party, foram acrescentadas duas emendas ao texto: adiar por um ano a aplicação da reforma da saúde impulsionada por Obama e a eliminação de uma avaliação sobre os equipamentos médicos criado por essa norma.

Os senadores democratas entenderam como uma provocação e reformularam o texto para garantir a aplicação da reforma da saúde, a mais importante até agora na gestão Obama.

A lei conhecida como "Obamacare" torna obrigatórios os seguros de saúde e destina fundos públicos para subsidiar as pessoas que não têm capacidade de adquiri-los. Os republicanos entendem que a norma disparará o já enorme déficit fiscal.

Teto da dívida
O Congresso deve votar, além disso, um aumento do limite legal do endividamento do país, atualmente em 16,7 trilhões de dólares, sem o qual os EUA se arriscam à primeira moratória de sua história a partir de 17 de outubro.

No momento, o Estado federal funcionou graças a "medidas extraordinárias" adotadas pelo departamento do Tesouro, mas o titular dessa pasta, Jacob Lew, advertiu que em meados de outubro os fundos acabarão.

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