Economia

Fundo Monetário Internacional destaca risco de degradação econômica nos EUA

O FMI reduziu em 0,1 ponto percentual sua previsão de crescimento do PIB norte-americano para 2013, a 1,6%, e 0,2 ponto para 2014, a 2,6%, em relação a suas projeções de julho

Agência France-Presse
postado em 08/10/2013 17:07
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta terça-feira (8/10) sobre os riscos de degradação da economia dos Estados Unidos, que enfrenta um bloqueio orçamentário e cortou sua previsão de crescimento para o país para 2013 e 2014.

O FMI reduziu em 0,1 ponto percentual sua previsão de crescimento do PIB norte-americano para 2013, a 1,6%, e 0,2 ponto para 2014, a 2,6%, em relação a suas projeções de julho. Estas estimativas refletem os cortes prolongados do gasto público nos Estados Unidos.

"Apesar de uma potencial de melhora, os riscos de degradação da economia são consideráveis", resumiu o FMI, destacando que a demanda interna norte-americana se fragilizou devido ao impacto de um aumento de impostos e cortes orçamentários.

Há uma semana, o Estado federal norte-americano se encontra parcialmente paralisado em razão de uma disputa no Congresso sobre o orçamento, situação que motivou importantes reduções de gastos estatais e férias forçadas de funcionários públicos.

Segundo o FMI, essa redução de gastos é "muito rápida e mal concebida". O FMI estima que os cortes orçamentários custarão cerca de 1,75 ponto percentual de crescimento em 2013 para a maior potência mundial.

Estas estimativas do FMI levam em conta cortes orçamentários que se estenderão até setembro de 2014.

O FMI trabalha com um cenário em que a atual paralisia do governo será curta e considera que o teto da dívida será elevado rapidamente. Os EUA têm até 17 de outubro para que o Congresso autorize mais emissão de título da dívida, sob pena de entrar em default pela primeira vez em sua história.

Um "fracasso das negociações para aumentar o teto da dívida, que se traduziria no não-cumprimento de pagamentos seletivos para os Estados Unidos, poderia danificar seriamente a economia mundial", alertou o documento do FMI.

A entidade apontou que a taxa de desemprego nos Estados Unidos continuará caindo para se situar em 7,3% em outubro, mas acrescentou que esta tendência obedece "sobretudo, a uma redução da participação da população na força de trabalho" e não tanto à geração genuína de postos.

No ano de 2013, o FMI projetou um desemprego de 7,6%, que no próximo ano retrocederia apenas a 7,4%.

A inflação, no entanto, não superaria 1,4% em 2013 e 1,5% em 2014.



Melhores perspectivas para 2014

De acordo com o FMI, o crescimento norte-americano deve recuperar o ímpeto no próximo ano, ajudado pela política de taxas de juros e estímulo à atividade econômica do Federal Reserve, que deveria, entre outros, impulsionar o preço das propriedades.

Para Olivier Blanchard, economista chefe do FMI, a economia dos Estados Unidos continua sendo crucial para o crescimento global e, por isso, criticou os cortes orçamentários que terminaram por minar seu potencial de expansão.

"A demanda privada conserva a solidez, apesar do crescimento foi dificultado este ano por uma consolidação fiscal excessiva", apontou Blanchard na introdução do relatório.

Na opinião do especialista, "fatores políticos estão gerando incerteza em torno da natureza e a magnitude do ajuste fiscal".

Por essa perspectiva, apontou Blanchard, os cortes do gasto são "uma má maneira de realizar a consolidação e os conflitos em torno do aumento do teto da dívida poderiam conduzir a um novo episódio de incerteza desestabilizador".

O relatório do FMI analisou também os efeitos da esperada redução nos estímulos do Federal Reserve, que injeta 85 bilhões de dólares ao mês ao circuito financeiro em compras de títulos do Tesouro e títulos hipotecários.

Apesar do FMI reiterar que o banco central norte-americano deveria realizar reduções moderadas a seus estímulos quando iniciar e planejar cuidadosamente a forma de normalizar a política monetária.

"É hora de a política monetária preveja como abandonar tanto a expansão quantitativa (injeções de dinheiro) como as taxas de política monetária zero", disse o organismo, que prevê "certa volatilidade das taxas a longo prazo a medida que sua política (do Fed) evolua".

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