Economia

Obama pede que legisladores debatam a crise, mas republicanos hesitam

Encontro que Obama deve ter em breve com todos os legisladores -republicanos e democratas das duas câmaras do Congresso- é um tímido sinal de movimento em direção a uma negociação

postado em 09/10/2013 20:02
Washington - Barack Obama pediu que todos os legisladores americanos se reúnam nos próximos dias na Casa Branca para tentar acabar com o bloqueio no Congresso em torno do orçamento e do teto da dívida, mas os republicanos desafiaram o presidente ao aceitarem enviar apenas uma delegação reduzida.

No nono dia de uma paralisação parcial das atividades do Estado federal, enquanto a ausência de um acordo entre democratas e republicanos ameaça provocar o primeiro calote da história do país, Obama nomeou nesta quarta-feira Janet Yellen como a primeira mulher a presidir o Federal Reserve. Ela deve ser confirmada pelo Senado, onde os republicanos possuem uma minoria de bloqueio.

Embora alguns mercados mundiais, assustados com o bloqueio em Washington, tenham recebido com esperança a nomeação de Yellen, considerada favorável a uma política monetária flexível, continuam nervosos diante da ausência de uma negociação formal entre democratas e republicanos.

O encontro que Obama deve ter em breve com todos os legisladores -republicanos e democratas das duas câmaras do Congresso- é um tímido sinal de movimento em direção a uma negociação, pela primeira vez desde o início da crise.

Os grupos serão recebidos separadamente na Casa Branca. O primeiro encontro está programado para esta quarta com os 200 democratas da Câmara dos Representantes, segundo um alto funcionário do governo que pediu para não ser identificado.

Mas um porta-voz do presidente republicano da Câmara dos Representantes, John Boehner, disse que apenas 18 "negociadores" visitarão a Casa Branca na quinta. "Um encontro só vale a pena se estiver destinado a encontrar uma solução", disse Brendan Buck.



A Casa Branca reagiu com veemência. Obama "está decepcionado com o fato de Boehner ter impedido os membros de seu grupo de ir à Casa Branca. O presidente acredita que era importante discutir diretamente" com eles, afirmou seu porta-voz, Jay Carney.

Cerca de 900 mil funcionários públicos federais estão em férias sem salário desde 1; de outubro porque o Congresso -dividido em uma Câmara de Representantes dominada por republicanos e um Senado de maioria democrata- não aprovou um orçamento para o ano fiscal 2013-2014.

Fundo privado adianta pagamento


Neste contexto, as famílias de militares mortos em combate não recebem indenizações e ainda são obrigadas a pagar pelos enterros. Ao saber disso, Obama ficou "muito preocupado" e ordenou nesta quarta-feira que o assunto seja resolvido, disse Carney. Depois, o Pentágono anunciou que uma fundação privada adiantaria os recursos necessários.

A esta crise sem precedentes desde 1996, soma-se a ameaça de um calote dos Estados Unidos, que suscita uma crescente preocupação em meio aos mercados mundiais de ações e aos governos estrangeiros.

Passada a data limite de 17 de outubro sem que o Congresso aprove um aumento do teto da dívida, atualmente de 16,7 bilhões de dólares e já superado em maio, os Estados Unidos não vão poder emitir títulos da dívida nem pagar alguns credores.

Em uma entrevista coletiva à imprensa na terça-feira, Obama exortou Boehner a votar o aumento do teto da dívida rapidamente, com o argumento de que vários republicanos votariam a favor.

O presidente prometeu que, depois de aprovados o orçamento e o limite da dívida, estaria disposto a negociar a respeito dos gastos do Estado, e se ofereceu para deixar esta promessa por escrito.

Mas Boehner se nega a dar esses passos, pelo menos até que o mandatário faça concessões, principalmente em relação à reforma da saúde promulgada em 2010, à qual os republicanos se opõem.

A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), que reúne os 34 países mais industrializados do mundo, se somou nesta quarta ao coro de advertências e considerou que os países desenvolvidos voltarão a cair em recessão se os Estados Unidos não conseguirem aumentar o limite legal da dívida.

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