Economia

Obama oficializa nomeação de Janet Yellen para presidência do Fed

Obama disse que Yellen é "excepcionalmente qualificada" para o que considerou como um dos mais importantes cargos no mundo

Daniela Gonçalves
postado em 09/10/2013 20:00

Presidente lembrou que Yellen

Washington - O presidente Barack Obama nomeou oficialmente nesta quarta-feira Janet Yellen como a primeira mulher a presidir o Federal Reserve, uma decisão que garante a continuidade da política de flexibilização monetária seguida pelo presidente demissionário Ben Bernanke.

"Os trabalhadores norte-americanos e suas famílias terão um líder em Janet", disse o presidente Obama em uma cerimônia na Casa Branca, acompanhado por Yellen e Bernanke. Obama disse que Yellen é "excepcionalmente qualificada" para o que considerou como um dos mais importantes cargos no mundo. "Ela é uma dirigente experiente e forte. Não só porque é do Brooklyn", brincou Obama.

O presidente lembrou que Yellen "logo soou o alarme" sobre a bolha imobiliária e financeira que levou à recessão de 2008-2009.

Yellen, de 67 anos, será - se o Congresso confirmar - a primeira mulher a dirigir o Fed e espera-se que mantenha a prioridade de Bernanke no apoio à economia norte-americana até que seja reduzida a taxa de desemprego. Ao aceitar a nomeação, Yellen disse que "é necessário fazer mais para consolidar a recuperação, particularmente os que foram mais afetados pela grande recessão".

"A função do Federal Reserve é servir a todo o povo norte-americano e muitos norte-americanos ainda não podem encontrar trabalho e estão preocupados com como farão para pagar suas contas e alimentar suas famílias. O Federal Reserve pode ajudar se fizer seu trabalho com eficácia", afirmou.

A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, declarou que Yellen "é muito competente, é minha amiga, estou encantada de que esteja ali, é muito legal".

"A nomeação de Janet Yellen (...) será bem recebida pelos mercados, merecidamente. Isso significa a continuação da política de Bernanke", segundo David Kotok, presidente do conselho de investidores da Cumberland Advisors.

"A posição de Janet Yellen sempre esteve do lado dos democratas nos últimos anos porque ela se concentra na persistente fragilidade do mercado de trabalho", constatou Stephen Oliner da American Enterprise Institute.

"Suas previsões finalmente foram muito mais exatas que as dos falcões" do Comitê de política monetária (FOMC) "que veem a inflação em cada esquina", acrescentou o analista.


Ex-conselheira econômica de Bill Clinton, vice-presidente do Fed desde 2010, Yellen de 67 anos e considerada uma das "pombas" do Fed, se tornou favorita com a renúncia do concorrente pela nomeação à presidência do banco central, o principal ex-assessor econômico de Obama, Larry Summers, em meados de setembro.

Yellen, que apoiou a política monetária ultraflexível adotada pelo Fed por influência de Bernanke para sustentar a recuperação da crise de Estados Unidos, representa a continuidade deste caminho.

Considerada uma democrata, Yellen passou mais de 12 anos em postos de decisão de política monetária. É vista no seio do Comitê de Política Monetária (FOMC) como mais preocupada com o desemprego que com a inflação.

Cinco anos depois da crise de 2008 provocada pela bolha imobiliária e os créditos de risco, a economia norte-americana ainda se encontra sob a influência do Fed, que deve começar a reduzir seu excepcional apoio à economia.

Assim, Yellen terá a tarefa de reduzir as injeções de liquidez do Fed, fundamentalmente, a compra mensal de títulos do Tesouro e títulos hipotecários de 85 bilhões de dólares.

"Experiência incomparável"

Yellen começará a se preparar para as audiências de confirmação no Congresso em um período de duro enfrentamento partidário em Washington, com Obama e os republicanos se enfrentando sobre a necessidade de aumentar o teto da dívida e pôr fim ao fechamento parcial do governo federal com a aprovação de um orçamento.

Obama sempre defendeu sua vontade de nomear mulheres nos altos cargos do governo, como já fez na Suprema Corte ao indicar Sonia Sotomayor em 2009 e Elena Kagan, em 2010.

No auge de sua rivalidade com Larry Summers na carreira para ocupar um dos cargos "mais importantes do mundo", segundo palavras do próprio Obama, dezena de senadores democratas tomaram partido por Yellen em uma carta enviada ao presidente.

Duzentos e quarenta economistas, entre eles o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz e os conselheiros econômicos do governo Clinton (1993-2001), Alice Rivlin e Christina Romer, assinaram uma carta aberta a Obama para apoiar Yellen.

Na noite de terça-feira, o titular da Comissão de Assuntos Bancários do Senado, o democrata Tim Johnson, comemorou a decisão da Casa Branca.

"Cumprimento a decisão do presidente Obama de ter escolhido Yellen para se transformar na primeira mulher a ser presidente do Federal Reserve", disse o senador, que fez alusão à "experiência incomparável" de Yellen. Johnson prometeu "trabalhar com os membros da Comissão para confirmar a nomeação no prazo mais breve".

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