Agência France-Presse
postado em 13/10/2013 21:40
Washington - Os senadores americanos concluíram neste domingo (13/10) um final de semana dedicado a superar o impasse em torno do orçamento federal e a permitir o aumento do teto da dívida, a quatro dias da data limite para se evitar um ;default;. "Estou otimista", disse Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado, ao final de uma rara sessão dominical e após dois dias de intensas discussões com os republicanos.A Casa Branca recordou que o presidente Barack Obama não mudou sua posição de rejeitar qualquer acordo que impeça o total funcionamento do Estado federal e um incondicional aumento do teto da dívida. Em conversa telefônica com Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara de Representantes, Obama voltou a manifestar esta posição. "O presidente e a líder (da bancada democrata) também discutiram sua disposição - assim que o limite da dívida for elevado e o Estado, reaberto - de negociar uma solução orçamentária de longo prazo", destacou a Casa Branca.
Pela primeira vez, Reid e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, negociaram diretamente um plano que permita elevar o limite legal da dívida antes de 17 de outubro - data a partir da qual os Estados Unidos entrarão em ;default; - e a reabertura total do governo federal, paralisado pela falta de recursos diante da ausência de um orçamento para o ano fiscal de 2014. "A maneira que isso vai terminar não está clara para mim. (...) Tal é a confusão que há", disse a rede CNN o senador republicano Bob Corker, resumindo o estado de incerteza que reinava em Washington. "Nas últimas 24 horas, não houve nada produtivo sobre este assunto", acrescentou.
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Em um momento em que as duas câmaras dispõem de apenas três dias de trabalho para acordar uma alta no teto da dívida, os senadores mostraram mais disposição de alcançar um consenso que evitaria o default da economia norte-americana. Já os legisladores da Câmara de Deputados se retiraram de Washington pelo fim de semana até a tarde de segunda-feira, após realizar uma curta sessão sábado pela manhã.
[SAIBAMAIS]Os representantes republicanos acusaram o presidente Barack Obama de ter rejeitado sua proposta. "Estou decepcionado que o presidente tenha rejeitado a oferta que colocamos sobre a mesa", disse Eric Cantor, chefe da maioria republicana na Câmara.
A senadora republicana Susan Collins, envolvida nas negociações, afirmou este domingo à CNN que haveria "uma solução esta semana" e que os parlamentares iam "continuar trabalhando, transmitindo (suas) propostas aos dirigentes de ambos os lados", mas sua colega Lindsay Graham admitiu à ABC que "não via nenhum" acordo surgir no momento. No sábado, Obama expressou sua hostilidade à ideia de estender somente por algumas semanas a alta do teto da dívida.
A Casa Branca também lamentou que tenha sido rejeitada no sábado uma medida do Senado que permitiria o Estado continuar pagando seus empréstimos até o final de 2014 e afastar, dessa forma, o risco de um inédito default. "O Estado não poder pedir mais empréstimos, o Congresso deve avançar em uma solução que ponha fim à paralisia do governo e que nos permita pagar nossas contas", alertou no sábado Jay Carney, porta-voz da Casa Branca.
O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, disse na noite de sábado que "estamos a cinco dias de um momento muito perigoso". Um default nos Estados Unidos, "pode ser um acontecimento desastroso para os países em vias de desenvolvimento e também será muito prejudicial para as economias desenvolvidas", alertou. A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, comparou os efeitos que teria um default norte-americano com os da crise financeira de 2008.
"O estatuto da economia norte-americana estaria, de novo, em perigo", declarou Lagarde no programa da NBC "Meet the press", cujos trechos foram publicados este domingo. "Se há esse nível de perturbação, de falta de certeza, de falta de confiança nos compromissos dos Estados Unidos, isso implicaria perturbações em massa no mundo inteiro. Estaríamos expostos a cair, novamente, em recessão", alertou Lagarde.
Os diretores de grandes bancos também expressaram sua preocupação sobre um eventual default, como fez Jamie Dimon, diretor da JPMorgan, o maior banco dos Estados Unidos.
Plano do Senado
O aparente endurecimento da posição do executivo mudou o foco das negociações para o Senado, onde democratas e republicanos anunciaram no sábado estar trabalhando em um plano alternativo ao que foi apresentado na Câmara de Deputados. Os senadores são reconhecidos por ser menos intransigentes que seus colegas da Câmara, mas todo acordo deverá ser aprovado por ambos os lados do legislativo.
Outro tema obscurece a situação: a paralisia das administrações federais desencadeada no dia 1; de outubro pela falta de votos sobre os gastos e receitas no Congresso. Milhares de funcionários receberam ordem de permanecer em suas casas, provocando mau funcionamento do governo federal em todo o país. Diante dessa insustentável situação, vários estados (Nova York, Arizona, Colorado, Utah, Dacota do Sul) reabriram vários parques nacionais, como o Grand Canyon, ao público, no sábado com seus próprios meios.