Economia

Nobel de Economia premia três americanos, sendo dois neoclássicos

Mesmo tendo sido premiados pela análise empírica dos preços dos ativos, os três não pertencem à mesma escola de pensamento

Agência France-Presse
postado em 14/10/2013 15:23
O Prêmio Nobel de Economia foi concedido nesta segunda-feira (14/10) aos americanos Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Schiller, dois neoclássicos e um partidário da irracionalidade financeira.

Mesmo tendo sido premiados por "sua análise empírica dos preços dos ativos", segundo a Academia Real de Ciências da Suécia, os três não pertencem à mesma escola de pensamento: os dois primeiros são neoclássicos, enquanto o terceiro leva em consideração os fatores psicológicos e irracionais que influenciam na tomada de decisões econômicas.



-Eugene Fama, de 74 anos, nasceu em Boston e tem um doutorado pela Universidade de Chicago, templo da economia neoclássica. Ele é um dos economistas mais citados por seus colegas devido a seus trabalhos "sobre a relação entre o risco e o rendimento e suas implicações para a gestão de portfólios". Esses trabalhos são um clássico para todos os estudantes de finanças. Junto com sua colega Kenneth French, desenvolveu um modelo para descrever os rendimentos das ações. Eugene Fama é também conselheiros em investimentos da companhia Dimensional Fund Advisors. Tem fama de ser inflexível em suas ideias liberais. Em 2010, em uma entrevista concedida à New Yorker, defendia a ideia de que a grande crise dos anos 2008 e 2009 não teve sua origem nem no mercado imobiliário nem nas bolhas especulativas nos mercados, e sim nos ciclos econômicos. "O resto do mundo aderiu à noção segundo a qual os mercados são bons, assimilando os recursos", dizia, posicionando-se contra a regulação pública.

Ele quatro filhos e dez netos.

[SAIBAMAIS]-Lars Peter Hansen, nascido em Champaign, no estado do Illinois (norte dos EUA) há 61 anos, obteve seu doutorado na Universidade de Minnesota em 1978, mas desde 1990 ensina na Universidade de Chicago. Matemático talentoso, Hansen é uma referência em econometria graças a um modelo estatístico sobre a adaptação dos agentes econômicos às mudanças periféricas na tomada de decisões financeiras. Mantém uma postura neoclássica e publicou quatro livros, um deles com o Prêmio Nobel de Economia de 2011, Thomas Sargent. Dos três laureados este ano, ele é o mais discreto e menos conhecido.

Tem um filho.

-Robert Shiller, de 67 anos, é o mais conhecido dos três, e sua presença na televisão é habitual, falando sobre a situação da economia americana. Nasceu em Detroit em 1964, e atualmente é professor de Economia e Finanças na Universidade de Yale. Em 2011, a agência de notícias econômicas Bloomberg o considerou uma das 50 personalidades mais importantes do mundo das finanças. Depois de concluir o doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), de Boston, especializou-se no estudo dos mercados financeiros e dos comportamentos dos diferentes atores e do público em relação a esses mercados. Pioneiro da irracionalidade das finanças, ele considera que fatores psicológicos e irracionais influenciam na tomada de decisões econômicas. Shiller concebeu um índice sobre os preços dos bens imobiliários nos Estados Unidos, o chamado "Case-Shiller", que é publicado mensalmente pela agência de classificação financeira Standard and Poor;s. Esse índice serve como base de sua teoria de que o setor financeiro americano havia alimentado uma bolha especulativa e que, por isso, se corria o risco de uma catástrofe, o que efetivamente acabou acontecendo em 2007-2008 durante a "crise dos subprimes". Seu livro "A exuberância irracional" (2000), em um título que se apropria de uma conhecida fórmula do ex-presidente do Fed (Reserva federal americana) Alan Greenspan, foi um grande sucesso de vendas.

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