Agência France-Presse
postado em 16/10/2013 17:21
Os senadores norte-americanos anunciaram nesta quarta-feira (16/10) um acordo para aumentar o limite legal de endividamento dos Estados Unidos, a poucas horas de o país entrar em risco de default, e agora o acordo seguirá para a Câmara de Representantes. O presidente Barack Obama comemorou imediatamente o acordo e pediu ao Congresso para aprová-lo rapidamente, disse seu porta-voz, Jay Carney."O presidente cumprimenta o líder (da maioria democrata Harry) Reid e o chefe da minoria (republicana Mitch) McConell por trabalhar juntos na realização deste acordo e pede ao Congresso para atuar rapidamente para pôr fim a esta paralisia do Estado e para proteger a confiança sobre a reputação dos Estados Unidos como mutuário", acrescentou Carney.
[SAIBAMAIS]Os dois líderes de bancada do Senado confirmaram o acordo na câmara alta, muito mais propensa a evitar um default que seus colegas da Câmara de Representantes, controlada pela oposição republicana.
Trata-se de um "acordo histórico, para reabrir (serviços do) Estado e evitar um default", anunciou Reid.
O acordo, anunciado por ambos os líderes do Senado, ampliaria o limite de endividamento e reabriria imediatamente as agências federais, parcialmente fechadas desde 1; de outubro, enquanto convocaria uma comissão para negociar um orçamento para 2014.
Os Estados Unidos estão sem orçamento por falta de acordo no Legislativo.
As duas câmaras devem adotar o mesmo texto em iguais termos antes da confirmação pelo presidente e sua transformação em lei.
"Não há nenhuma decisão sobre quando ou como um possível acordo no Senado pode ser submetido à votação na Câmara", explicou Michael Steel, porta-voz do presidente da Câmara, o republicano John Boehner.
O Tesouro apontou 17 de outubro como data limite para continuar com suas "medidas extraordinárias" que permitiram o país funcionar após superar seu teto de endividamento.
O risco de um default
O Congresso norte-americano dispõe de poucas horas nesta quarta-feira para afastar o risco de um default, que seria o primeiro na história dos EUA.
Em uma data difícil de prever, mas que poderia ser entre 22 e 31 de outubro, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, os Estados Unidos já não poderiam honrar os pagamentos programados, uma situação sem precedentes que preocupa os mercados mundiais.
A perda de confiança poderia por em jogo a sorte do dólar, moeda de reserva mundial, e a dos bônus do Tesouro, considerados os mais seguros do planeta.
O Federal Reserve disse nesta quarta-feira em seu relatório de conjuntura conhecido como Livro Bege que existe uma "crescente incerteza" para as empresas e os negócios pela falta de acordo no Congresso.
O que John Boehner fará?
O projeto do Senado, depois de ser votado no Senado, enfrentará os conservadores do Tea Party na Câmara de Representantes. Este setor ultraconservador de grande influência no Partido Republicano se opõe a qualquer projeto que não incluiu cortes do gasto público e em particular cortes do orçamento destinado à reforma da Saúde de Obama aprovada em 2010. O importante será saber agora se o texto será apoiado pelo presidente republicano da câmara baixa, John Boehner.
Antes de anunciar o acordo, o representante republicano Charlie Dent disse que Boehner não oporia resistência e aceitaria submeter ao plenário da Câmara baixa um acordo alcançado no Senado, apesar da oposição de uma parte da maioria republicana. Também deveria obter o apoio de parte dos democratas.
Na terça-feira, sinal do nervosismo crescente no mundo diante deste bloqueio, a agência Fitch anunciou que consideraria reduzir a nota da dívida soberana dos Estados Unidos, atualmente a melhor possível (AAA).
A Fitch destacou que "as autoridades norte-americanos não elevaram o teto da dívida no devido tempo". Em 2011, um enfrentamento anterior entre a Casa Branca e Boehner fez os Estados Unidos perderem sua nota "AAA" atribuída pela agência Standard and Poor;s.