Agência France-Presse
postado em 20/10/2013 14:14
Atenas - O governo grego se prepara para viver um "inferno" até junho de 2014 por causa das negociações com os credores internacionais em torno da necessidade de financiamento do país e do nível de sua dívida, disse neste domingo o ministro das Finanças. "Até junho será um inferno. Nossos credores revisarão e julgarão tudo", declarou o ministro Yannis Stournaras à revista To Vima.Em declarações ao jornal liberal Kathimerini, o ministro também afirmou que a Grécia vai rejeitar um novo plano de apoio, se, em troca, tiver que adotar medidas de austeridade adicionais.
Essas declarações mostram a crescente preocupação do Executivo grego com o resultado das negociações com os credores da Grécia (UE, BCE, FMI) em busca de soluções para as necessidades financeiras do país após a conclusão do segundo plano de resgate, em julho de 2014.
Essa preocupação se refletia neste domingo na imprensa nacional: o To Vima (centro-esquerda) fala de um "suspense em torno da dívida" e descreve a Grécia como "refém" do "jogo" entre as três instituições credoras, enquanto o Kathimerini ressalta os "dias angustiantes" vividos pelo governo de coalizão conservador-socialista de Antonis Samaras "sob a ameaça de novas medidas".
Para o jornal popular de centro-esquerda Ethnos, trata-se de "chantagem da ;troika;" pelo novo memorando de austeridade. Atenas e seus credores divergem sobre as necessidades financeiras da Grécia até 2016 e a forma de satisfazê-las.
Também há divergências sobre o destino da dívida. Os europeus e o FMI concederam 250 bilhões de euros em empréstimos à Grécia em duas etapas (2010 e 2012), o que disparou a dívida para 175% do PIB neste ano, contra 133% em 2010.
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No momento, os sócios europeus de Atenas não contemplam perdoar parte desta dívida, como defende o FMI. A ;troika; de credores avalia atualmente o estado das reformas na Grécia antes de entregar uma nova parcela do empréstimo. Os representantes deixaram Atenas no final de setembro por "razões técnicas". Yannis Stournaras reconheceu na sexta-feira que as discussões são "difíceis", embora não queira falar de rua sem saída.