Economia

Para Mantega, análise do FMI sobre o Brasil é "equivocada"

O ministro da Fazenda recordou que o Brasil está questionando a metodologia de análise da dívida bruta brasileira, que para o governo está entre 58% e 59% do PIB

Rosana Hessel
postado em 24/10/2013 15:55
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considera que a avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI) está ;equivocada;. O organismo multilateral divulgou um relatório hoje no qual reduziu de 3,2% para 2,5% a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2014 e demonstrou preocupação em relação às contas públicas do governo.

;Vi apenas algumas manchetes e me pareceu que é uma avaliação equivocada;, disse o ministro ao sair do Plenário do Senado Federal, onde participou nesta quinta-feira de uma sessão de debates sobre o pacto federativo. ;Eu prefiro ficar com a avaliação do economista-chefe, Olivier Blanchard, que recentemente se manifestou em relação ao Brasil e falou uma série de coisas positivas;, afirmou. Mantega disse que o economista do Fundo disse que o país tem mais resiliência entre os emergentes à crise internacional. ;Ou seja, que temos mais condições e superamos melhor esses problemas enfrentados hoje como flutuação do câmbio e fuga de divisas, que houve em outros países e não houve aqui no Brasil;, completou.


O ministro também revidou as críticas em relação aos incentivos fiscais concedidos pelo governo brasileiro. ;Queria lembrar que, quando essa crise estourou, em 2009, o Fundo se uniu a nós no G20 (grupo formado pela União Europeia e pelas 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta) para dizer que para enfrentar essa crise que começou em 2008 e não acabou até hoje era preciso que os países dessem estímulos fiscais;, afirmou. ;A maioria dos países deu estímulos em 2009 e isso levou a uma recuperação em 2010. Depois houve uma recaída. O Brasil continuou dando estímulos fiscais e outros países europeus não deram e eles caíram em uma recessão;, emendou. Ele destacou que o organismo, naquela época, chegou a afirmar que os países avançados exageraram no ajuste fiscal e que é preciso compatibilizar o ajuste fiscal com alguns estímulos. ;Me parece, absolutamente incoerente, esse relatório. Ele foi feito por um escalão técnico, que não está afinado com os principais expoentes do FMI. O economista-chefe é muito mais afinado com as ideias e os programas que fazemos aqui. Deve ter havido alguma falta de sintonia entre a direção e essa equipe que escreveu esse relatório;, completou.

Mantega ainda recordou que o Brasil está questionando a metodologia de análise da dívida bruta brasileira, que para o FMI está em 68% do Produto Interno Bruto (PIB), e, para o governo está entre 58% e 59% do PIB. ;Não tem nenhum sentido isso. Eu já falei com a Christine Lagarde, a diretora gerente do Fundo;, afirmou ele. De acordo com o ministro, hoje há uma missão liderada pelo secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, em Washington para detalhar a explicação das diferenças técnicas entre os dois cálculos. ;Eles fazem dupla contagem. Eu discordo da metodologia que é aplicada para o Brasil. Naturalmente, ela pode ser válida para outros países que não têm reservas e que tem um Banco Central que emite dívida. No nosso caso, o BC não emite dívida. Espero que o Fundo ouça as razões e façam uma mudança;, afirmou.

Títulos no exterior

;Em relação ao interesse dos investidores, Mantega classificou como ;bem sucedida; a emissão de US$ 3,2 bilhões em títulos do governo brasileiro na Europa e nos EUA, e US$ 50 milhões no mercado asiático, realizada ontem pelo Tesouro Nacional;. ;Foi uma belíssima emissão. A demanda para essa emissão era de US$ 10 bilhões, ou seja, os estrangeiros queriam investir em títulos brasileiros ou fazer a troca de títulos antigos por novos. Isso demonstra o grande interesse e a confiança que existe no Brasil;, comentou.

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