Economia

Crescimento na zona do euro desacelera no terceiro trimestre

A queda das exportações é "um claro sinal de que a força do euro começa a afetar negativamente a recuperação", observou Martin van Vliet do banco ING

Agência France-Presse
postado em 14/11/2013 15:57
O crescimento na zona do euro desacelerou no terceiro trimestre, a 0,1%, em relação ao período anterior (%2b 0,3%), o que confirma, segundo os analistas, que a recuperação econômica na zona do euro é "muito frágil" e beira a "estagnação".

Segundo os dados publicados nesta quinta-feira (14/11) pelo escritório de estatísticas europeu, Eurostat, para o terceiro trimestre, o crescimento na França decepcionou (-0,1%), o da Alemanha foi menor que o esperado (0,3%) enquanto a Itália se contraiu menos que o trimestre anterior (-0,1% contra -0,3%).

Na Espanha, houve uma leve expansão (%2b0,1%). Além disso, persistem as dúvidas sobre a capacidade desses dois últimos países de manter uma "franca recuperação".

Oficialmente a zona do euro saiu, no segundo trimestre, de sua mais longa recessão, que durou 18 meses, mas esta recaída no terceiro trimestre "evidencia a fragilidade da recuperação", observou Howard Archer, economista chefe da Global Insight.

"As cifras correspondentes ao terceiro trimestre dificilmente inspiram confiança sobre o encaminhamento da recuperação econômica da zona do euro", considerou.

Os analistas destacam que esta queda se deve aos resultados piores que o esperado na economia da Alemanha, com uma queda das exportações e um aumento das importações, e da França, onde as exportações também caíram e se destaca, além disso, a falta de competitividade de sua economia.



A queda das exportações é "um claro sinal de que a força do euro começa a afetar negativamente a recuperação", observou Martin van Vliet do banco ING.

Com "o frágil índice de construção de casas, o difícil acesso a crédito e a austeridade fiscal em curso em numerosos países da zona do euro, a demanda interna não pode compensar" esta queda, acrescentou van Vliet.

Os analistas estimam que a estagnação do crescimento estimularia o Banco Central Europeu (BCE) a tomar mais medidas a favor da recuperação, como uma nova operação de refinanciamento de longo prazo, supõe Howard Archer, além das medidas que adotou na semana passada ao reduzir a um mínimo histórico de 0,25% sua principal taxa de juros, barateando o custo do dinheiro.

Na Alemanha, os analistas observem a boa saúde geral da economia - apesar de registrar 0,3% de crescimento no terceiro trimestre em comparação com 0,7% no anterior. Já a contração do PIB da França de -0,1% surpreendeu, tendo registrado uma expansão de 0,5% no período anterior.

"É particularmente decepcionante ver que a França" registra um crescimento negativo, "o que evidencia as preocupações pela falta de competitividade" nesse país, explicou Howard Archer.

A economia espanhola registrou um crescimento de 0,1%, o primeiro desde o primeiro trimestre de 2011. Esta expansão se explica pelas exportações e "muito provavelmente, o turismo ajudou", disse Archer.

A Itália parece se estabilizar, estimam os analistas. A economia do país se contraiu no terceiro trimestre 0,1% em comparação com 0,3% do trimestre anterior.

"Contudo, o crescimento nesses dois países (Espanha e Itália) ainda está longe do nível esperado para resolver o problema do desemprego, que está nas nuvens, e a gigantesca dívida", disse Jonathan Loynes da Capital Economics.

"O relatório sobre o crescimento para o terceiro trimestre nos lembra que a recuperação na zona do euro continua sendo muito frágil" com uma "modesta aceleração" prevista para o próximo ano, afirmou Martin van Vliet, e beira a estagnação, segundo Loynes.

Para o conjunto da União Europeia (UE) o crescimento do PIB foi de 0,2% no terceiro trimestre, segundo as cifras da Eurostat, tendo registrado no segundo trimestre 0,3% de crescimento.

O Eurostat destaca que o PIB dos Estados Unidos cresceu 0,7% no terceiro trimestre, contra 0,6% no ano anterior, o que evidencia a fragilidade da recuperação econômica europeia.

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