Economia

OCDE corta projeção de crescimento mundial, devido aos emergentes

Segundo o relatório anual de conjuntura da OCDE, o PIB mundial crescerá 2,7% este ano, 3,6% em 2014 e 3,9% em 2015

Agência France-Presse
postado em 19/11/2013 16:55
A OCDE cortou nesta terça-feira (19/11) suas projeções de crescimento da economia mundial devido "em grande parte à redução das perspectivas em vários países emergentes", em particular no Brasil e na Índia.

Segundo o relatório anual de conjuntura da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Produto Interno Bruto (PIB) mundial crescerá 2,7% este ano, 3,6% em 2014 e 3,9% em 2015. Suas previsões anteriores, de maio, foram de 3,1% de crescimento em 2013 e de 4% em 2014.



"As previsões da economia mundial foram reduzidas de maneira significativa, por causa da degradação das perspectivas em vários países emergentes", afirma a entidade com sede em Paris. Isto é particularmente notório no caso do Brasil e da Índia.

No Brasil, a OCDE prevê crescimento de 2,5% em 2013 (contra 2,9% nas previsões de maio) e de 2,2% em 2014 (contra 3,5%).

O PIB brasileiro cresceu 0,9% em 2012, o que leva a OCDE a constatar que, apesar da revisão para baixo das previsões, a economia brasileira "está saindo de um período de lento crescimento e se encontra em vias de expansão".

[SAIBAMAIS]No caso da Índia, a OCDE projeta um crescimento de 3,4% em 2013 e de 5,1% em 2014, depois das previsões de 5,3% e 6,4% divulgadas em maio. Para a China, a revisão de queda é muito menor: 7,7% em 2013 (frente a 7,8%) e 8,2% em 2014 (8,4%).

A organização prevê, além disso, uma desaceleração da economia do Chile nos próximos meses devido à queda da demanda interna e uma forte recuperação da economia do México em 2014 e 2015.

Chile e México são os únicos membros latino-americanos da OCDE, uma entidade de 34 países, pertencentes, em sua grande maioria, ao mundo desenvolvido.

A Espanha, também membro da organização, em recessão há dois anos, dá "sinais" de estabilização, com a perspectiva de um frágil crescimento em 2014, apesar de um devastador índice de desemprego superior a 25%, indica o relatório.

Temores pelas mudanças de política de estímulo monetário nos EUA

A OCDE destaca uma mudança de paradigma a nível mundial: até agora "os estímulos nas economias emergentes tinham efeitos positivos nos países avançados", atingidos pela crise global, mas agora "o entorno econômico mundial poderia ser amplificador e funcionar como corrente de transmissão dos choques negativos" procedentes desses mesmos países.

A Organização extrai lições da tempestade que vários países emergentes enfrentaram frente à perspectiva do fim da política de estímulo monetário nos Estados Unidos.

O fenômeno foi particularmente destacado no Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia, países cujas necessidades de financiamento externo são consideráveis, enquanto a "China foi uma exceção" e resistiu melhor que os demais.

Diante dessa situação dos países emergentes, a OCDE pediu ao Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed) e ao Banco Central Europeu (BCE) para exercer um contrapeso.

Nos Estados Unidos, "as políticas monetárias devem continuar sendo flexíveis durante um certo tempo", defende a OCDE.

Na zona do euro, o BCE, atualmente com sua taxa básica em níveis mínimos (0,25%), "poderia refletir sobre medidas suplementares se os riscos de deflação aumentarem", antecipa o relatório.

Risco de outro drama psicológico nos EUA

A OCDE se preocupa também com o risco de um retorno do drama orçamentário que os Estados Unidos viveram em outubro.

Se os Estados Unidos não conseguirem um acordo no começo de 2014 para elevar o teto da dívida e se virem obrigados a cortar brutalmente seus gastos, isso poderia afundar o país em uma recessão com uma contração de seu PIB de até 6,8%. Isso, segundo a OCDE, arrastaria o mundo inteiro e geraria 5 milhões de desempregados apenas nos países que integram esta organização.

A solução, segundo a organização, é abolir esta noção do teto da dívida para evitar outro drama e adotar "uma estratégia (orçamentária) crível a médio prazo".

A OCDE prevê, em circunstâncias normais, um crescimento nos Estados Unidos de 1,7% (2013), 2,9% (2014) e 3,4% (2015), muito superior às perspectivas da zona do euro, com -0,4%, 1% e 1,6% respectivamente.

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