Agência France-Presse
postado em 25/11/2013 16:15
A reputação do banco britânico RBS, que escapou da quebra com dinheiro público, foi ainda mais abalada nesta segunda-feira (25/11) ao ser revelado que o banco levou pequenas empresas viáveis à quebra para adquiri-las a bom preço.Lawrence Tomlinson, conselheiro do Ministério de Comércio, entregou nesta segunda-feira ao governo um relatório com as acusações do Royal Bank of Scotland, de que o Estado é acionista majoritário (81%) desde que o salvou da quebra em 2008.
"Há inúmeros exemplos escandalosos de empresas sãs que foram destruídas pelo RBS e do impacto devastador que isso teve na vida dos empresários", disse Tomlinson.
As acusações se concentram na divisão do banco a cargo das reestruturações de empresas em dificuldades, conhecida como "Global Restructuring Group" ou GRG.
Empresas pequenas sem problemas reais acabavam, sem necessidade, nas mãos do GRG com vários pretextos, como ter violado alguma cláusula menor das condições de seus créditos.
Depois eram impostas penalidades e gastos exorbitantes que, às vezes, as levavam à quebra. Outra filial do RBS aproveitava então para comprar a bom preço seus ativos, particularmente seus bens imobiliários.
Tomlinson pediu que sejam tomadas medidas imediatas para evitar esta conduta "sem escrúpulos".
Sua demanda foi atendida pelo governo, que levou o relatório às autoridades do setor financeiro, a Autoridade de conduta financeira(FCA) e a Autoridade de regulação prudencial.
"Certas acusações são muito graves e espero uma resposta urgente", disse o ministro de Comércio do governo conservador-liberal, Vince Cable.
O ministro de Finanças, George Osborne, qualificou as revelações como chocantes.
O RBS rebateu as acusações dizendo que sua divisão GRG consegue "endireitar a maioria das empresas com as quais trabalha (...) embora nem todas as empresas com graves problemas financeiros possam se salvar".
De todo modo, anunciou que começou uma investigação interna sobre o tratamento aos clientes em dificuldades.
O RBS foi objeto de outro relatório nesta segunda-feira, de Andrew Large, um ex-vice-diretor do Banco da Inglaterra, que critica que o banco não oferece crédito a certas pequenas empresas.
As mais notícias se acumulam para o banco escocês, que, em fevereiro, já teve que pagar mais de 600 milhões de dólares em multas às autoridades britânicas e norte-americanas por manipular a taxa de empréstimos interbancários Libor.
Por esse motivo dois operadores foram suspensos, enquanto outra investigação, sobre a manipulação do mercado de câmbio, é vista como uma ameaça.
Além disso, nos Estados Unidos, teve que pagar outra multa de 150 milhões de dólares por ter enganado, em 2007, investidores sobre créditos hipotecários de alto risco, os famosos "subprime", que pouco depois detonaram a grande crise financeira.
O neozelandês Ross McEwan assumiu a direção do RBS no começo de outubro com o objetivo de devolvê-lo a mãos privadas.
Contudo, diferente de seus competidores do Lloyds Banking Group, o caminho pode ser longo. Para acelerar o processo, o banco isolará seus ativos tóxicos - de 38 bilhões de libras (61 bilhões de dólares)- em um "banco podre" interno.
O objetivo é vender de 55% a 70% desses ativos antes de dois anos e o restante antes de três.
Esta medida evitará a cisão do RBS e a nacionalização de seus ativos tóxicos, como defendiam alguns parlamentares. Um caminho que foi mais caro para o contribuinte, segundo o Tesouro.