Jornal Correio Braziliense

Economia

'Brasil paga caro por insistir em equívocos', diz Delfim Neto ao Correio

Economista critica o fato de o Banco Central "namorar" o teto da meta de inflação, de 6,5%



FRUSTRAÇÃO COM O PIB

Como estávamos com grande entusiasmo quando saiu o resultado do segundo trimestre (alta de 1,8%), entramos em um processo de desilusão com a queda de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Mas não podemos levar esse resultado como uma projeção. Tudo indica que terminaremos o ano com crescimento de 2,5%. A minha ideia é que, se o PIB do terceiro trimestre tivesse dado zero, terminaríamos com uma alta do PIB de 2,7%. Não esperava a queda (de 2,2%) no investimento. Isso me surpreendeu. Esperava, no máximo, uma estagnação. Enfim, a situação não é tão boa como o governo gostaria que estivesse, mas não é tão ruim como se imagina.

FALTA DE INVESTIMENTOS


Há muito tempo, os investimentos estão aquém do desejado no país. Já faz 30 anos que não temos uma grande obra. E como se fazia? Na verdade, havia uma carga tributária de 24% do PIB e se investia 5% do Produto. Hoje, temos uma carga tributária de 36% do PIB e não investimos nem 2% do Produto. Ou seja, na verdade, perdeu-se a eficiência do uso de recursos. Ainda não temos grandes projetos de infraestrutura. No passado, havia um imposto único sobre combustíveis e lubrificantes que financiava as obras públicas. Não faltavam recursos. Por isso, fez-se coisas como a Hidrelétrica de Itaipu e todo o resto que está aí.

É importante ressaltar que, no caso do transporte ferroviário, que o governo quer conceder à iniciativa privada, há um problema fundamental. O modelo está errado, pois inclui a estatal Valec. Vou dizer com toda a franqueza. Não se pode pôr uma empresa como a Valec em qualquer coisa. A Valec é coisa para a Polícia Federal. O grande problema desse governo é que ele não é socialista. Tem uma tendência espiritista. Não pode ver nada funcionando que põe um encosto.

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