Economia

Alemanha, motor econômico da zona do euro, parece desacelerar

Em meio às críticas de que a Alemanha não está fazendo o suficiente para ajudar a seus parceiros da zona do euro a se livrar da estagnação econômica

Agência France-Presse
postado em 09/12/2013 20:51
Frankfurt - A Alemanha, um dos principais atores da recuperação dos 17 países da zona do euro, parece estar desacelerando, com o declínio da produção industrial e as exportações ficando quase estagnadas, segundo dados divulgados nesta segunda-feira.

Contudo, muitos analistas acreditam que a fraca conjuntura atual será curta e a recuperação ganhará dinamismo nos próximos meses.

Em meio às críticas de que a Alemanha não está fazendo o suficiente para ajudar a seus parceiros da zona do euro a se livrar da estagnação econômica, os dados de comércio nesta segunda-feira mostraram que as importações alemãs da área de moeda única cresceram 3,4% em outubro, enquanto as exportações para a região caíram 0,1%.

A Alemanha tem sido criticada por seu superávit comercial persistentemente alto, com especialistas argumentando que o fortalecimento econômico se deu à custa da fragilidade dos membros da zona do euro.

O superávit comercial se contraiu em outubro, com as importações crescendo mais rápido que as exportações, segundo o escritório federal de estatísticas Destatis.

Em dados ajustados sazonalmente, a Alemanha exportou 92,9 bilhões de euros em outubro, em relação a 92,7 bilhões de euros em setembro, informou a Destatis em um comunicado.

As importações, por outro lado, subiram 2,8% a 76,1 bilhões de euros de 74 bilhões de euros.

Isso significa que o superávit comercial ajustado sazonalmente - o equilíbrio entre importações e exportações - caiu a 16,8 bilhões de euros em outubro de 18,7 bilhões de euros em setembro.

Diante das críticas, a Comissão Europeia em Bruxelas disse que analisaria de perto as contas correntes da Alemanha.

Mas o economista do Natixis, Johannes Gareis, disse que os dados de outubro "amenizariam a pressão sobre a Alemanha para fazer mais para ajudar a reequilibrar a zona do euro".

Ao mesmo tempo, a produção industrial encolheu em 1,2% em outubro depois de já ter caído 0,7% em setembro, informou o ministro da Economia em dados preliminares.

Isso sugere que "o principal motor do crescimento do país não apenas estacionou, mas se reverteu", disse o economista da Capital Economics, Jonathan Loynes.

"Salvo algumas fortes altas mensais em novembro e dezembro, a produção industrial agora deve se contrair no quarto trimestre", acreditou Loynes.

Junto com os números do comércio, os últimos dados econômicos para a Alemanha sugerem que "mesmo o

setor super-competitivo de exportação da Alemanha está lutando para se expandir em um cenário de baixa demanda externa e forte taxa de câmbio", disse Loynes.

"Em geral, os números diminuem as esperança que a Alemanha conduzirá uma nova recuperação na zona do euro como um todo e mantêm a pressão sobre o Banco Central Europeu a fazer mais para estimular o crescimento pela união monetária", concluiu ele.

O economista do banco Berenberg, Christian Schulz, estava mais otimista.

A fragilidade na produção industrial "deve ser revertida em breve", disse ele.

"Em novembro, os indicadores se recuperaram com força, já que os aumentos de impostos não se materializaram, sugerindo que a fragilidade era temporária e a Alemanha deve apresentar crescimento da produção no quarto trimestre".

O economista da BayernLB, Stefan Kipar, também estava confiante que, apesar dos fracos dados da economia em outubro, "indicadores sugerem que as empresas estão se tornando cada vez mais confiantes sobre a recuperação.

"Estamos esperando uma recuperação da economia no fim do ano, mesmo se ela não for muito forte", disse ele.

O economista da Natixis, Gareis também disse esperar que a fase ruim do setor industrial alemão seja superada, mas "as perspectivas de crescimento da Alemanha não podem desafiar as leis da gravidade. Somando tudo, esperamos que o PIB da Alemanha se estabilize em 0,3% no último trimestre deste ano", disse ele.

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