Economia

Para economista, empresários evitam alardear piora da gestão pública

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, afirma que o Brasil foi engolfado por uma onda de desconfiança

Enviada Especial, Rosana Hessel
postado em 25/12/2013 07:05
Sérgio Vale, economista-chefe da MB AssociadosSão Paulo ; O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, não vê razão para poupar pessimismo. Antes do anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano, ele foi tachativo: queda de 0,5%. Acertou. Agora, prevê um quadro mais sombrio.

Alguns especialistas acham que dos males virá o bem. Esperam para 2014 a ;tempestade perfeita;, acúmulo de intempéries capaz de detonar reformas de que o país precisa para crescer de modo mais intenso, sem pressões inflacionárias. Para Vale, os problemas maiores virão em 2015, quando o próximo presidente tomará posse. ;Teremos mais do que uma tempestade. Não sei que termo poderia ser. Tempestade vem e passa. Depois, você junta os cacos e reconstrói. Aqui, teremos uma tempestade para ficar durante muito tempo;, explica.

No entender do economista, são remotas as chances de a presidente Dilma Rousseff mudar a cabeça para fazer os ajustes necessários a fim de que o país retome a rota do crescimento. ;Reformista de fato esse governo não é. Não está fazendo nada. Com isso, não vamos crescer como precisamos. Não tem chance;, resume.

Para Vale, o Brasil foi engolfado por uma onda de desconfiança. Por isso, faltam os investimentos necessários à retomada do Produto Interno Bruto (PIB). ;Infelizmente, o governo perdeu a credibilidade. Em 2015, ao que tudo indica, Dilma entregará para ela mesma uma herança maldita;, afirma. ;Em 2018, essa herança será mais maldita ainda. Será a herança tenebrosa;, completa. A seguir, os principais trechos da entrevista de Vale ao Correio.

O que podemos esperar da economia brasileira em 2014?
O país vai crescer menos que em 2013. Estamos prevendo alta de 1,9%. Neste ano, o PIB terá alta de 2,3%, com avanço na margem de 0,9% no quarto trimestre. A economia saiu do fundo do poço. Infelizmente, o país não consegue crescer mais do que isso. No ano que vem, a taxa de juros estará mais elevada, a situação cambial continuará volátil, com desvalorização do real. Também haverá pressão na inflação. Está fácil para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) seguir perto de 6,5%. Enquanto isso, o Banco Central não terá liberdade para elevar os juros como deveria. Não à toa, haverá duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) depois das eleições. Provavelmente, esse será o espaço que se colocará para o BC aumentar os juros assim que a presidente for reeleita.

Como avalia o cenário econômico atual?

É de uma indústria que piorou. O resultado do PIB do terceiro trimestre veio dentro do que a gente esperava, de queda de 0,5%. Não houve grandes surpresas. Vale lembrar que houve a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros e as vendas dispararam, mas a produção recuou. O setor automobilístico teve papel importante no tombo da economia no terceiro trimestre.

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