postado em 25/12/2013 07:20
O que leva graduados e bem-sucedidos executivos de finanças a mudarem radicalmente as suas carreiras em multinacionais e a estenderem a mão a organizações não governamentais (ONGs) e micro e pequenas empresas, a maioria delas em comunidades pobres do Brasil? Certamente não é pelo salário nem pelo prestígio. À frente de negócios sociais, eles buscam sentido mais amplo e verdadeiro às suas trajetórias. E, num país onde as maiores instituições bancárias estão entre as mais lucrativas do planeta, também viabilizam financiamento barato graças a doações.Pioneiro e mais famoso dessa turma, Leonardo Letelier, 39 anos, decidiu usar a experiência corporativa para fazer ;algo transformador;. Em 2007, após oito anos como consultor da McKinsey, fundou no Rio de Janeiro a Sitawi ; Finanças do Bem, um fundo sem fins lucrativos, que empresta dinheiro sem burocracia e a juros máximos correspondentes à taxa básica (Selic), hoje em 10% ao anuais. O nome exótico quer dizer ;desenvolver e florescer; em swahili, língua dos nativos do monte Kilemanjaro, na Tanzânia, que o executivo escalou em 2002. A palavra lhe soou como a síntese do empreendedorismo solidário.
Ao se sentir incompleto no meio corporativo, Letelier resolveu trazer para o presente o projeto pessoal que tocaria após a aposentadoria, para se sentir realizado e feliz ajudando quem precisa. A ideia do empréstimo social partiu da constatação de que são doados todo ano R$ 10 bilhões para cerca de 300 mil ONGs do país, uma média de R$ 33 mil para cada. Como esses valores não garantem todas as ações do setor social e os bancos tradicionais têm dificuldade de emprestar a essa clientela, ele assumiu a missão de trazer dinheiro para viabilizar projetos de alto impacto, alijados do crédito tradicional.