Economia

Vilão da balança comercial, petróleo deve ajudar na recuperação em 2014

Segundo dados do MDIC, de janeiro a novembro as vendas de petróleo bruto para o exterior caíram 38,1%, na comparação com o mesmo período do ano passado

postado em 29/12/2013 15:11
Segundo dados do MDIC, de janeiro a novembro as vendas de petróleo bruto para o exterior caíram 38,1%, na comparação com o mesmo período do ano passadoBrasília ; O petróleo foi o principal fator de impacto sobre a balança comercial em 2013. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de janeiro a novembro as vendas de petróleo bruto para o exterior caíram 38,1%, na comparação com o mesmo período do ano passado. O combustível também foi um dos produtos que puxaram a queda das exportações brasileiras para alguns parceiros tradicionais, como Estados Unidos (recuo de 9,4%) e União Europeia (3,4%). Além disso, a manutenção programada de plataformas da Petrobras ocasionou queda na produção.

A queda nas exportações de petróleo puxou saldos deficitários para a balança comercial ao longo do ano. Por esse motivo, o governo divulga expectativa de superávit pequeno para o fechamento de 2013, sem cravar números. O setor privado, representado pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), estima saldo positivo em US$ 500 milhões. Caso aconteça, o superávit será ajudado pelas chamadas exportações fictas de plataformas de extração de petróleo e gás, que somaram US$ 6,58 bilhões este ano.

[SAIBAMAIS]As exportações fictas são transações para o exterior envolvendo produtos nacionais, sem que eles deixem o território brasileiro. Em 2013, a Petrobras vendeu plataformas a subsidiárias no exterior para posteriormente serem utilizadas no próprio país. Dessa forma, a estatal pôde se beneficiar do Regime Aduaneiro de Exportação e Impostação de Bens Destinados à Produção e à Exploração de Petróleo e Gás (Repetro), que permite pagar menos impostos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, são operações regulares segundo regras internacionais.

O presidente da AEB, José Augusto de Castro, corrobora que há legalidade, apesar de as transações inflarem artificialmente as exportações. ;É uma operação legal. Na verdade, não vendemos plataforma para nenhum outro país porque o produto ficaria caro demais, por causa dos tributos e da exigência de componentes locais. Só a Petrobras, por ser estatal, consegue comprar;, analisa. Ele destaca que em 2013 houve mais operações do tipo que em 2012, quando estas somaram US$ 1,5 bilhão.

Segundo dados do MDIC, de janeiro a novembro as vendas de petróleo bruto para o exterior caíram 38,1%, na comparação com o mesmo período do ano passadoPara o ano que vem, as projeções são de recuperação da balança, com o petróleo como protagonista. Em novembro, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Daniel Godinho, declarou em entrevista que esperava ;melhora substancial; na conta-petróleo para 2014. A projeção da AEB também é de que o combustível fóssil, vilão da balança este ano, ajudará a sustentar saldos positivos no próximo. De acordo com estimativa da entidade, haverá incremento de 49,6% nas vendas externas do produto na comparação com o registrado em 2013.

;[A expectativa] tem relação com a retomada de funcionamento das plataformas e pequeno aumento da produção por empresas estrangeiras. Temos que torcer para que não haja queda na quantidade [exportada], pois estamos observando queda de preço também. [O petróleo] é o ponto principal que está sustentando a balança para o próximo ano. Tem havido uma queda especulativa do preço, mas não é forte;, analisa José Augusto de Castro.



Castro comenta ainda as expectativas em relação ao câmbio para 2014. Segundo ele, a projeção é de que o dólar ficará em um patamar próximo a R$ 2,35. Para o presidente da AEB, uma cotação favorável às vendas externas seria R$ 2,40. Castro ressalta que o anúncio do banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), de que retirará gradualmente os estímulos à economia daquele país pode voltar a trazer volatilidade à moeda no ano que vem. Para ele, a valorização da moeda norte-americana em 2013 não chegou a beneficiar as exportações brasileiras. ;O câmbio não favoreceu pois 70% [das nossas exportações] são commodities, com preço uniforme em todo o mercado. Com relação aos produtos industrializados, como [a cotação] ia e voltava, havia uma volatilidade que não inspirava confiança;, destaca.

Segundo ele, a alta do dólar igualmente não foi suficiente para reduzir as importações de bens de consumo, movimento que o governo esperava. Trata-se de produtos usados por curto prazo como cosméticos e alimentos. Sua procura cai quando os preços sobem, com o consumidor migrando para marcas mais baratas e nacionais. Para ele, a queda nas vendas desses itens, que ajudaria a equilibrar a balança comercial, poderá acontecer em 2014 caso o dólar continue em alta.

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