Agência France-Presse
postado em 07/01/2014 16:02
A nova queda da inflação em dezembro na zona do euro reacendeu o risco de deflação e dirige todas as atenções para o Banco Central Europeu (BCE), o único que tem a chave para reativar a economia.A inflação anual em dezembro foi de 0,8%, segundo a primeira estimativa publicada nesta terça-feira (7/1) pela agência europeia de estatísticas, Eurostat.
Em novembro, a evolução dos preços se elevou a 0,9%, o que deu então um respiro ao bloco da moeda única que registrou, em outubro, a inflação mais baixa da história, 0,7%, despertando o temor de deflação.
A evolução de preços não chegou a este mínimo histórico, mas os preços dos serviços caíram 1% em dezembro em relação a 1,4% do mês anterior e 1,8% em dezembro de 2012, "um novo mínimo histórico".
Os analistas se preocupam com um "novo risco deflacionário" na zona do euro e esperam ansiosos uma eventual ação do Banco Central Europeu (BCE).
Os preços da energia não registraram mudanças em relação ao mês anterior, enquanto os alimentos, o álcool e o tabaco impulsionaram o índice geral de dezembro, ao registrar uma evolução de preços de 1,8% contra 1,6% em novembro. A evolução dos preços nesses setores é a mais volátil dos produtos que compõem a cesta de referência de preços.
"Com a evolução dos preços nos serviços caindo a 1%, o núcleo da inflação foi de apenas 0,7% (em dezembro), o que significa claramente o risco de deflação na zona do euro", considerou Peter Vanden Houte do banco ING.
[SAIBAMAIS]Ben May, do Capital Economics, também teme um episódio de deflação já que "há poucos sinais que preveem a inversão da tendência".
A deflação é um fenômeno nocivo para o dinamismo de uma economia, já que adia as decisões de compra - com a expectativa de que os preços continuem caindo - e desestimula os investimentos.
Essas novas cifras da inflação voltam todas as atenções ao BCE, cuja reunião mensal será na quinta-feira e que, no começo de novembro, cortou sua principal taxa de juros a 0,25%, um mínimo histórico, para afastar o risco de deflação.
A zona do euro saiu, no segundo trimestre de 2013, de uma recessão de 18 meses, com um crescimento de 0,3%, mas no terceiro trimestre desse ano cresceu apenas 0,1%, o que levou o BCE a idealizar novas medidas para tentar dinamizar a economia do bloco, abalada pela crise da dívida.
A situação geral "aumenta a pressão para que o BCE atue a favor de um apoio à economia", disse Ben May.
Em dezembro, o presidente do BCE, Mario Draghi, alertou que a inflação na zona do euro permanecerá abaixo da meta da instituição, de 2%.
Draghi sugeriu que a zona do euro se encaminha a um "período prolongado de inflação baixa antes de uma recuperação gradual da evolução dos preços", mas informou que não prevê deflação.
Segundo os analistas, o BCE manterá, contudo, sua política monetária na reunião de quinta-feira, mas "se espera que atue mais nos próximos meses", informou Ben May, já que, segundo Howard Archer da Global Insight, a instituição do Frankfurt estará incomodada com esta nova queda da inflação.
Segundon Archer, o BCE poderia, nos próximos meses, realizar novos empréstimos a longo prazo aos bancos, como em 2011 e 2012, e inclusive reduzir sua principal taxa de juros a 0,1% ou 0,0%.